Miniconto 133* - Fonoaudiólogo
- Gessica Borges
- Minicontos
- March 7, 2014
Questionou, ainda sem poder ouvir a si mesmo: — Vv-aai fi ficar, se-e-éé-quela-as, Doutor?
Questionou, ainda sem poder ouvir a si mesmo: — Vv-aai fi ficar, se-e-éé-quela-as, Doutor?
A mãe o encontrou mergulhado na bacia de água sanitária. Desesperada, tratou logo de puxá-lo de qualquer jeito para fora d’água. Foi difícil. O garoto esperneava, chorava e se jogava de novo e de novo na bacia, reclamando aos gritos que ainda não dera tempo de ficar branco e limpo como tinha prometido aos ídolos mirins da escola.
Read MoreOs pingos correntes de água salgada faziam cócegas em seu rosto muitas vezes, e ela não achava nenhuma graça.
Read MoreAqui onde A mulher preta tampa O rosto, a cor, a alma Com base branca Onde são quatro Os filhos da moça Dois descalços Dois sem touca Na cinza manhã fria O orelhão ainda é Uma ponte pra Bahia Aqui onde Sente como uma mocinha! Preto não sai da linha Que a senhora tricota Com o cerne entristecido Aqui onde O homem vende espetinho Alheio aos direitos dos bichos E dos humanos O chicote estrala na viela O soco cala a boca dela Eles invadem Sem mandado, sem sequela E eu sou livre Para cobiçar o pulo Da plataforma de ferro acobreado Aqui onde todo dia é 64 E nada está nos trilhos.
Read More