Sou

Resgatando mais um poema da poeira nos meus papéis … _ Nada mais que a importância Dessa insignificância Que recobre o meu ser Sou o não entender nada Disso que vive em mim Essa pele que reveste Este corpo que me assola Nessa mente que vigora No espírito que outrora Não foi de ninguém Esse rosto que abriga Esses olhos que envoltam Essa íris distorcida Dessa visão distinta Do nada que nunca foi Essas mãos desesperadas Nessa busca retratada Nesses versos sufocantes Essas voltas tão errantes Que descobrem-se amantes Da matéria esquisita: Eu. Sou o que fui, e o que serei Mas nunca o que já sou Nesse contrato vitalício Dessa mutante arte de redescobrir-me É que se encaixa a minha existência Essa sou. Escrito em 15/07/2008 ( 14:58pm)

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Então ela vem De uma vez só Muita vezes Na rua, no quarto, enquanto olho para as paredes Ou amarro meu turbante Vem em forma de um cômodo vazio De um lembrança cheia Ou de um simples fumante Alheio a tudo. É súbita e aguda Como quando a gente bate o dedo mindinho num canto E são muitos cantos agora E a dor não cessa nunca Só se esconde entre risadas E volta escancarada Em lágrimas de saudade Um quarto de século de vida Três meses destituída “Filha, deus te abençoe, muitos anos de vida”. A dor vem Eu engulo o seco e respondo Para todo mundo Obrigada, gente.

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