Agora ela era bixo

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Agora ela era bixo, pode? Aquela menina magricela do cabelo de bombril que, por artimanhas com a diretoria da escola (era o que diziam) foi jogada na 2º série do Fundamental, quase sem passar pela primeira. Coitada! Vieram os apelidos. - Aêêê, “primeira série”! Sabe soletrar a palavra BOCHECHUDA sem errar? Ela não sabia. Mas acabou aprendendo, pela força do hábito. Agora ela era bixo, pode? Aquela estranha que se vestia da cabeça aos pés de vermelho, sentava na primeira carteira, de cara com a professora e mesmo assim falava pelos cotovelos. Na reunião bimestral de pais era sempre a mesma coisa: - Ela tem ótimas notas, só precisa calar a boca. Ela não calou. Força do hábito. Agora ela era bixo, pode ? Aquela vizinha esquisita, não brincava com as garotas da mesma idade, vivia em casa, trancada à chave, o que gostava fazia lá dentro? Ninguém sabe. - Oxem,tinha era se entrosar, parece até bicho do mato! Ela não se entrosou. Eles estavam certos. Força do hábito? Agora ela era bixo.

___ Me perguntaram o que eu espero do 1º dia de Faculdade. Resposta: - De verdade? Só espero que não me pintem muito ;)

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Descobrimento [2]

**“Quem um dia irá dizer, que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”**Engraçado como funciona o começo de uma amizade. Chega sem pedir licença (como as borboletas quando se está amando) então vai tomando cada íntimo e cada filete de pensamento aleatório, então, quando você se dá conta, está torcendo pra aqueles seus amigos (mas já amigos?) estarem de bobeira sentados numa calçada à luz do crepúsculo. Assim aconteceu com ela. Enquanto vagava pelo caminho tão conhecido e comum, ela estava apenas ligeiramente consciente do lugar aonde ia. Seus pés moviam-se na direção a que estava acostumada a ir : aquela rua alegre e movimentada que era o endereço de sua mais próxima amiga. Diminuiu o passo subitamente : Pois é , nunca se sabe o que está na direção antes do derradeiro alcance do ponto. No momento em que se aproximava deles, seu coração se enchia de um sentimento que ela havia experimentado poucas vezes : uma delas aconteceu quando ela foi finalmente aceita como “colega de mesa” daquela menina branquinha e inteligente da 2º série. Não podendo ser diferente, juntou-se aos homens que estavam sentados na calçada em frente à casa que outrora era seu destino. Deu-se início então ao descobrimento, mais um. Um dos senhores, era sereno e quieto… escondido sob um sorriso tímido e inteligente, pensador. O outro era o seu problema, o seu grande ponto de interrogação, um estranho do qual ela – subliminarmente – preferia não conhecer: de um gênio extrovertido e irrequieto (ou achava ela que era assim), fazia ele as mesmas piadas e comentários de sempre – que nunca perdiam a graça – e falava do amor como sua maior dádiva, enquanto demonstrava o seu descontentamento com o casamento,bem… um estranho com certeza. Citava a liberdade de expressão, a fusão de pensamentos e sua total descrença para com a opinião da menina: - Como pode a mim desconhecer, se te falo com toda clareza sobre meu ser, meu querer .. se exponho em tamanha liberdade o meu saber, se canto com toda a minha alma límpida o que vive em mim? Ela, a garota, não tinha respostas para isto, sabia apenas que não sabia. Não via como descobrir quem realmente ele era, ou o que guardava por trás dos versos que inventava… não sentia seu íntimo apesar do gostoso conforto em que se encontrava em sua presença e não dispunha de nenhum recurso para sonda-lo, pois parecia que tudo na prisma daquele homem era o acaso, o momento, a instabilidade, senso assim: se conseguisse uma resposta para um de seus questionamentos, no dia seguinte a mesma não valeria mais. Naquele momento, enquanto a noite brilhava no céu quente de nuvens desenhadas, ela se conformou, desistindo de buscar o “eu” do estranho que lhe fazia bem, oras, ele lhe fazia bem, já não era bom? (…) Nem frustração, nem pesar e nem angústia tomaram a garota aquele dia, pelo contrário: um conhecimento tinha sido somado á sua vivência: o homem muda, a mente evolui e o corpo se altera, e isso não devia ser visto com olhos pessimistas, como mais uma prova de que nunca chegaremos à solução para os problemas humanitários, a procura pela resolução é tanta… que se esquece o que quer resolver. Suas buscas de respostas para as coisas mais simples, impediam-na de apreciá-las. Sim, leitores… o homem muda, a mente evolui e o corpo altera: isso é a valorização da alma! Então, quando o escuro estava lá em cima, no meio da noite, meia noite, a menina fez o que não conseguia fazer normalmente há dias: dormiu. _ Aos “Irmões” , esse texto que começa como uma reflexão sobre a amizade, passa pela reflexão sobre o comportamento do homem e termina na reflexão sobre a vida. Não há aqui, nada que alguém já não tenha pensado e escrito, mas isso não quer dizer que não vale a pena …

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Li um post no twitter hoje: “como concretizar a criatividade?”, e fiquei me perguntando como pode uma pergunta que está na sua cabeça há dias ser proferida pela boca – no caso, pela timeline – de outra pessoa? Putsgrila, quando você acha que tem a ideia mais incrível do universo (alguém acha isso?), um santo criativo vai lá e pimba! Transforma a sua genialidade em uma cópia muxuruca. Às vezes, eu acho mesmo que, assim como as ondas sonoras estão passando por nós sem que possamos vê-las, os pensamentos também trafegam pelo ar e – para o azar de muitos publicitários, por exemplo – entram na cabeça de alguém alheio, ou pior: alguém do seu lado. Ok, você vai pensar que isso que eu estou dizendo é uma viajem (mais que as das ondas sonoras), que eu provavelmente bebi antes de escrever esse post, ou coisa assim. Bingo! Para a primeira hipótese. Dizem que viajar faz bem. Pois então, o que eu quero dizer com esse blá blá blá não é blá blá blá: nesse mundo com tantas cabeças pensantes, é importante que sejamos como nossa mãe assim que nos deu à luz: saiu contando para todo o universo que tinha criado algo novo. Imagina se ela tivesse escondido a novidade? Que graça teríamos nós? Saca qual é?**Uma ideia é como um filho: tem que ser posto para fora de qualquer jeito.**Esconder uma ideia é ir contra a natureza humana. Viu como é filosófico? Mas não é para ser filosófico, é para ser prático. Escrevo isso não só para todos que lerão esse post algum dia, mas também para mim mesma, que – como qualquer criativo – sempre estou grávida. E, muitas vezes, parto uns bichos esquisitos, feinhos, tipo E.T. mesmo. E, enquanto o meu lado anjinho diz “Assume que o filho é teu”, o diabinho cutuca “Isso não serve para nada”. Serve. Sempre serve. Mesmo que só para lotar a lixeira do seu PC.A única serventia que tem uma ideia guardada, é ser agonia de não ter dito nada. #etenhodito __________ Gessica Borges é publicitária em formação, leitora por vocação, escritora em construção e criativa em constante contradição: tem um montão de idéias guardadas.

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