Confessionário

Xodó

Você De perto Embaçado Seu rosto Desfoque Colado Do lado Dedos Trançados De longe Só quero Você.

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rompe-dura

Descobriu-se Amante do Eu Amarrada por Nós Despiu-se Do medo Refez-se Do zero A sós.

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Apatia

Fiquei ali parada Entre o que houve e o que só deus sabe Ouvindo os gritos desesperados Meus olhos saltados Querendo que eu acabasse Mas só fiquei ali parada Sentindo o silêncio que espreitava Debaixo das cobertas que nunca mais compartilhamos.

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Máquina da Angústia

Dentro do quarto disforme, alguma coisa se agita incansavelmente, deixando o ar pesado e árido, quase impossível de inalar (antes não fosse possível…)

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Lixos de uma quase sexta-feira

Faz tempo que eu não tenho tempo. E o pouco tempo que me sobrou nesse final de quinta-feira eu estou usando pra falar de algo que não interessa nem a você, e acho que nem a mim. Algo que eu nem sei o que é, e que só escrevo pelo prazer do barulhinho das teclas no ecoando pelo quarto, junto com o zum zum zum do meu cooler. Há tanto para dizer e tão pouco pra escrever. Só coisas assim: sem muito sentido, como essa frase. Insisto em continuar com o barulhinho: Posso dizer que moro há 13 anos num bairro que, finalmente, foi asfaltado hoje. (Que vergonha, Brasil!) Hoje a noite estava absurdamente linda e isso, infelizmente, não combinava nem um pouco com o meu humor cansado. Estou cansada de usar aparelho. Ando reclamando tanto para mim mesma sobre todas as coisas, que já não me agüento. Nessas que eu realmente desejo ser Bipolar, como os outros costumam dizer que sou. Nos últimos dias, cogitei a possibilidade de usar salto, hipótese que foi temporariamente descartada, já que isso não só aumenta o meu potencial de desequilíbrio, mas também não acrescenta nada no meu andar deselegante. Antes de ligar o computador para escrever esse post inútil, pelo menos umas 15 coisas diferentes passaram pela minha cabeça, e sumiram no segundo seguinte. Preciso de um gravador, e isso foi a única coisa que descobri nesse bla bla bla todo, que ninguém, nem o Google Reader, quer saber. Além de, é claro, constatar que, realmente, eu não acho bacana posts autobiográficos. PS: Já já volto com os meus minicontos.

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Sua filha que se chama Ideia

Li um post no twitter hoje: “como concretizar a criatividade?”, e fiquei me perguntando como pode uma pergunta que está na sua cabeça há dias ser proferida pela boca – no caso, pela timeline – de outra pessoa? Putsgrila, quando você acha que tem a ideia mais incrível do universo (alguém acha isso?), um santo criativo vai lá e pimba! Transforma a sua genialidade em uma cópia muxuruca. Às vezes, eu acho mesmo que, assim como as ondas sonoras estão passando por nós sem que possamos vê-las, os pensamentos também trafegam pelo ar e – para o azar de muitos publicitários, por exemplo – entram na cabeça de alguém alheio, ou pior: alguém do seu lado. Ok, você vai pensar que isso que eu estou dizendo é uma viajem (mais que as das ondas sonoras), que eu provavelmente bebi antes de escrever esse post, ou coisa assim. Bingo! Para a primeira hipótese. Dizem que viajar faz bem. Pois então, o que eu quero dizer com esse blá blá blá não é blá blá blá: nesse mundo com tantas cabeças pensantes, é importante que sejamos como nossa mãe assim que nos deu à luz: saiu contando para todo o universo que tinha criado algo novo. Imagina se ela tivesse escondido a novidade? Que graça teríamos nós? Saca qual é?**Uma ideia é como um filho: tem que ser posto para fora de qualquer jeito.**Esconder uma ideia é ir contra a natureza humana. Viu como é filosófico? Mas não é para ser filosófico, é para ser prático. Escrevo isso não só para todos que lerão esse post algum dia, mas também para mim mesma, que – como qualquer criativo – sempre estou grávida. E, muitas vezes, parto uns bichos esquisitos, feinhos, tipo E.T. mesmo. E, enquanto o meu lado anjinho diz “Assume que o filho é teu”, o diabinho cutuca “Isso não serve para nada”. Serve. Sempre serve. Mesmo que só para lotar a lixeira do seu PC.A única serventia que tem uma ideia guardada, é ser agonia de não ter dito nada. #etenhodito __________ Gessica Borges é publicitária em formação, leitora por vocação, escritora em construção e criativa em constante contradição: tem um montão de idéias guardadas.

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O meu 2009 e que 2010 seja 10 (?!)

Todo ano é a mesma coisa: fim de ano, renovação, e blá blá blá vida nova .. Ei! Vida nova? A minha já tem 19 anos!!! *suspiro*

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Texto Fantasma

00:15

Mais uma vez, o cursor piscava desesperadamente na tela do computador. A música de fundo sorria da cena deprimente: “Just a little patience…”. O copo de café pela metade, as mãos juntas num ritual desconhecido, o olhar distante: meio cansado, meio viajante.

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Branquitude

A mãe o encontrou mergulhado na bacia de água sanitária. Desesperada, tratou logo de puxá-lo de qualquer jeito para fora d’água. Foi difícil. O garoto esperneava, chorava e se jogava de novo e de novo na bacia, reclamando aos gritos que ainda não dera tempo de ficar branco e limpo como tinha prometido aos ídolos mirins da escola.

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Carta de uma jovem velha

Não sei se poder inconsciente de um livro, ou fato consciente da vida, hoje descobri: sinto-me uma velha. Dessas que viveram à toda atrás de um amor, ainda que aqueles de verão. Invejo quem pode se apaixonar, sem vergonha do colorido das palavras, do sustenido do coração… tão óbvio, tão adolescente. Um coração quente que não se pode gelar, nem pela morte. Sinto-me uma velha ao observar o comportamento dessas crianças, sempre radiantes, combinando com os dias intermináveis de sol . Enquanto eu, aqui, sentada a olhar as nuvens sem forma, o ar denso e triste, os passos apressados dos corações descompassados de tanto amor. Meio século se passou desde o primeiro beijo apaixonado, e nada é como se fosse ontem, mas sim como um futuro do passado. Assim: tão trágico e sem esperança. Sinto-me uma velha com esses olhos insóbrios de tanto esperar. Uma velha escondida entre os tantos romances avassaladores e eternos. Aqui, sentada, regando com esforço o hedonismo nas madrugadas de saudade.

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O que realmente importa?

Apesar do título aparentemente “polêmico” o poema abaixo não trata de nada político, também não diria que social. Na verdade, não sei do que o poema abaixo se trata, já que foi escrito em 10 minutos numa sala de aula muito barulhenta. Eu tinha 16 anos e estava realmente entediada com a aula, aí peguei um papel qualquer e fui “telepatiando” o que vinha na cabeça. Saiu isso aí. ______ O que realmente importa? A beleza meio morta? Ela entra em sua porta? Ela chove na sua horta? O que realmente importa? A paixão incandescente? O que o seu coração sente? Quem você quer de presente? O que realmente importa? Você está apaixonado? Pela vida ou por um lado? Só o lado comentado … Quem te invade a porta? A beleza de não ser morta? A alegria mórbida? O conformismo importa? O que é ser belo? O cabelo? O camelo? Seu espelho te reconhece? Me confessa a sua prece! O pé feio Nariz no meio Da cara murcha Parece a Xuxa Cara de bruxa! A Keka A Cuca A Luka “To nem aí!” O que realmente importa? Você não me suporta? Eu passo na sua porta? Eu nasço na sua horta? Cara de cú Bunda de cara Torta na cara! A cara torta … O que realmente importa? O meu conceito? O seu direito? Você não gosta? Cianureto.

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O que a gente faz?

E quando a gente fica assim, como se diz? sentimental demais? Não, eu devo ser menos poética: e quando a gente fica assim..idiota? Sim sim … aqueles velhos sintomas: escutar a mesma música melódica por horas seguidas (que te faz chorar no refrão), tentar escrever algo que alivie o que você sente (na esperança de que alguém leia e sinta o mínimo de compaixão por você [ohh, que triste!]), ou só ficar de olhos fechados olhando pro escuro psicodélico.. forçando releases dos momentos mais marcantes da sua vida. E quando a gente fica assim …idiota? O que a gente faz?Esquecemos o conteúdo intelectual que temos e fazemos joguinhos com as palavras e dizemos nas entrelinhas o que (obviamente) só nós iremos entender? E quando a gente fica assim, idiota, pra quem a gente escreve, Idiota? Talvez eu tenha descoberto a utilidade de uma personalidade dupla: suportar a agonia, desesperança e ilusão de nós mesmos, nesses dias que a gente fica assim..idiota. Quem fica? Idiota! Você fica. Você quem? Eu? Quem de mim sou eu? Quem de mim sou eu AGORA? No final das contas, o diálogo entre eu e eu mesma não é apenas um monólogo? Sozinha … Nem o maior romancista do universo poderia considerar esse texto uma discussão filosófica. Até o mais ignorante dos seres identifica aqui, nessas linhas tortas e inelegíveis, o que é (foi e vai ser) a maior frustração humana. Afinal, quem não ama? Wergeland, Novalis e Goethe me entenderiam. Estou certa de que mais do que qualquer um dos meus “Eus”.

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Um quase-melodrama sobre a amizade

Tantas pessoas já dedicaram tanto tempo de suas vidas tentando definir a amizade! Sim, isso é quase um lamento caros leitores, porque é muito, realmente muito complicado expressar em palavras, gestos, músicas, filmes, etc … a relação entre verdadeiros amigos. Não me isento desta condição de pensadora , eu mesma já escrevi poemas para quase todos os meus amigos. É claro, nenhum deles ficou realmente bom, digo até que esta série “Poemas para Amigos” foi a pior que já fiz. Porque, mesmo que usasse as palavras mais bonitas e descrevesse belamente os momentos íntimos que tive com cada um deles, nada seria suficiente pra tratá-los com tamanha grandeza da qual eu sempre fui tratada pelos que prezo. Lá vamos nós de novo, a caminho de mais um texto melodramático sobre a importância da amizade, a singular relação com uma pessoa que está do seu lado pra tudo e blá blá blá … Não vamos, não. Eu realmente ficaria horas por aqui se tivesse que falar desse assunto. Tantas águas claras e tantas tavernas, tantas fantasias e realizações e tantas outras privações eu passei, que nem mais sei o que dizer sobre isso. Isso. O ser amigo: fiéis, volúveis, rancorosos, ignorantes, amáveis, compreensivos, inteligíveis, misteriosos, instáveis e permanentes. Tenho todos eles. E sou muito (muito mesmo), grata por isso. Abaixo, três pensamentos sobre a amizade que eu postei no meu twitter no Dia do Amigo (20 de Julho, provável potência comercial nos próximos anos ¬¬) No meio da noite você lembra dele, sorri com isso e volta a dormir com uma inexplicável sensação de alívio pela sua existência. Provavelmente não vai poder te ajudar em porra nenhuma quando alguém próximo da sua família morrer, mas vai estar por ali. Óh. É claro que vai insistir pra dormir no colchão quando for pra sua casa. Puta psicologia inversa. E de manhã ainda pisa em você.

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Ensandecer

Quarta feira, vinte e três horas e quarenta e cinco minutos de uma noite gelada em São Paulo. Sentadas nos bancos frios, as pessoas se recostam em seu espaço como podem, ou acotovelam-se no corredor cheio de mochilas e pastas. Estudantes, na certa. Eu também. Transporte público não é muito divertido, principalmente quando você está perto de desabar de sono ou cansaço, depois da batalha diária. Mas, naquele dia, ao menos alguma coisa aconteceu. Alguma coisa que despertou alguns da sonolência, irritando-os. A mim, apenas divertindo. Até que enfim. Sentado no banco do motorista, o homem inquieto apertava cada vez mais o fone no ouvido, talvez na esperança que pudesse fazer parte do universo que ouvia; então, durante as manobras nas curvas molhadas pelas quais direcionava o ônibus, ele gritava, num surto de emoção visível em seus olhos repentinamente arregalados: - TIRA ISSO DAÍ! ….ACABA LOGO COM ISSO PELO AMOR DE DEUS! Eu ria. Me divertindo com o nervoso do homem, que, no limite das possibilidades, dava pulos em sua cadeira e se mexia sem parar. Alguns passageiros reclamavam aos sussurros da imprudência do homem. - Como ele pode dirigir desse jeito? Vai acabar batendo o ônibus! - Gente assim não tem jeito não … é doença. Foi nessa hora que eu me dei conta da loucura do homem. Não a loucura que era dirigir um ônibus enquanto envolvido em outra atmosfera (ele quase parecia cego), mas a loucura que o fazia dirigir um ônibus, mesmo totalmente disperso. Devia ser doença mesmo, loucura das bravas!Eu nunca via pessoas tão apaixonadas por uma coisa daquele tipo, dava pra ver que a tensão que emanava do motorista envolvia cada um que fazia parte da “espécie”, inclusive eu. Bipolaridade talvez? Quem sabe… - SAI, SAAAI! … UUUUUHH! AÊÊÊÊ, JÁ DEU! JÁ DEU! 3 MINUTOS? PUTA MERDA! Os três minutos seguintes, pareceram durar 10, pra mim. O coitado devia estar com a sensação que duravam, pelo menos, mais 45min. - AEEEEW JUIZÃO! ACABOOOU! TAMO NA FINAL ! VAAAAI CORINTHIANS!!! “AQUI TEM UM BANDO DE LOUCO ….” E a gritaria durou até que eu deixasse o ônibus, sorrindo com a situação, e com o alívio de saber que tudo tinha acabado bem, pelo menos aquela noite. O homem, ah, ele não estava sozinho apesar de sua voz ser a única a explodir naquele espaço, pelo menos mais 25 milhões de corações espalhados pelo Brasil gritavam o mesmo hino, a mesma vitória. Deitei-me aquele dia ainda com a cena em minha cabeça, o sorriso no rosto e uma música de fundo que dava o tom perfeito pro acontecimento. ♪ “…. eternamente, dentro dos nossos corações …” ♪

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Demissão

E ele decidiu que ia embora,

Pra fora do que já vivera

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Agora ela era bixo

Agora ela era bixo, pode? Aquela menina magricela do cabelo de bombril que, por artimanhas com a diretoria da escola (era o que diziam) foi jogada na 2º série do Fundamental, quase sem passar pela primeira. Coitada! Vieram os apelidos. - Aêêê, “primeira série”! Sabe soletrar a palavra BOCHECHUDA sem errar? Ela não sabia. Mas acabou aprendendo, pela força do hábito. Agora ela era bixo, pode? Aquela estranha que se vestia da cabeça aos pés de vermelho, sentava na primeira carteira, de cara com a professora e mesmo assim falava pelos cotovelos. Na reunião bimestral de pais era sempre a mesma coisa: - Ela tem ótimas notas, só precisa calar a boca. Ela não calou. Força do hábito. Agora ela era bixo, pode ? Aquela vizinha esquisita, não brincava com as garotas da mesma idade, vivia em casa, trancada à chave, o que gostava fazia lá dentro? Ninguém sabe. - Oxem,tinha era se entrosar, parece até bicho do mato! Ela não se entrosou. Eles estavam certos. Força do hábito? Agora ela era bixo.

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Miniconto - Compra-se

Compra-se: um coração sem dono, em boas ou más condições, tratar aqui.

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Verão

Verão. Dia ócio e frio… estranho? Pois sim, ela acordou cega. Sem o seu mais precioso sentido, passou a ignorar todas as outras coisas. Não falava, não chorava, não sentia quando tocada, nem mesmo sorria enquanto abraçada. Sentia-se traída pela vida, por não ter o que julgava seu destino… ficava enraivecida todo o tempo…não compreendia a razão de tanta ilusão e isolamento, mas estava convencida de que não se importava com isso. Não se arrependia de nada, não considerava soluções para nenhum problema, nem mesmo cedia à vontade de voltar atrás. “O que os olhos não vêem, o coração não sente” ? Ótimo, vida eterna à sua cegueira. Estava certa de uma coisa: aquele ordinário acontecimento a qual todos cediam não lhe ocorreria mais, a paixão era uma palavra riscada de seu, ora tão rico, vocabulário. Das coisas que só o coração poderia entender, tornar-se-ia ignorante, rendida à cega frieza da ociosidade em que se encontrava. Estranho, era verão.

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Confessionário 1 - Adotando livros

Ok, essa é a nova tag do blog. Veio na minha cabeça, depois que o assunto #twittesuainfancia bombou no twitter. Aí pronto. Comecei a lembrar das maluquices que fazia e surgiu esse primeiro texto.

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