Um quase-conto idiota adolescente que não vale a pena ser lido (parte 2)

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Hey, caros navegantes!

Estou voltando com a reforma de uma postagem já feita, na qual eu implantei uma outra continuação, estimulada pela culpa de não ter sido dedicada o suficiente quando escrevi “Um quase-conto idiota que não vale a pena ser lido”. Sem mais delongas mais longas que as demoras para postar aqui, enjoy:

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Prometeu não exercitar lembranças do bendito, mas a cabeça fazia questão em ser uma parte separada do corpo.

Aquelas aulas de ciências!

— O corpo humano é constituído por três partes principais: o tronco, os membros e a cabeça.

Não entendia onde entrava o pescoço nessa idéia, mas que diferença fazia? Se pudesse simplesmente deixa-lo de lado (ela morreria?), como a professora fazia na escola, talvez pudesse ver-se livre da maldita tatuagem na nuca, que quase parecia uma escarificação: pesada, irremediável…eterna. Ugh. Eterna.

Não era cômico, não, lembrar de todas as aulas em que a professora dizia:

— O corpo e a cabeça constituem um corpo humano. O que controla tudo- …

Tentava cortar essa parte, na esperança de que a avalanche de frustração não lhe atingisse, porque ultimamente sua mente andava rebelde, tipicamente…..adolescente. Ugh! Ela odiava essa palavra, sempre surgindo como uma sombra pra todas as coisas inexplicáveis que sentia, como se a maturidade fosse lhe arrancar de vez as angústias que vivia desde os 13 anos. Até parece.

— O corpo e a cabeça constituem um corpo humano…

Por que quando se referiam à nós separam a cabeça do corpo? Ela não era parte integral de nós, então? Parecia uma piada de mal gosto que flertava com a situação atual: a essa altura da paixonite, a morada da mente tinha vida própria.

Por que isso? Perder o controle dos seus próprios pensamentos e, assim, por tantos anos? Não reconhecia mais suas emoções, molhadas de encanto e, no entanto, secas de atenção.

A indignação, que outrora era característica adolescente, foi mais forte que a vontade de, um dia, voltar a ter o controle de seu corpo e mente. Resolveu o problema com um simples cálculo matemático, destes que ainda praticava na escola: 50 miligramas de bolinhas pretas, 30 mililitros de soda cáustica que a mãe lhe dera pela manhã para lavar o chão do banheiro e, pronto, em 20 minutos estaria morta, com 100% de chance.

O azar de todos os inconsoláveis no velório era que, ao contrário das infernais aulas de ciências, Mariana era a melhor da classe em matemática.

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