Status Quo

Acaso me queira, segundas, às oito ou oito e quinze, estarei na estação. Entre a primeira e segunda porta do vagão da frente, onde o sol poetiza a periferia. Às terças, mais ou menos vinte e duas horas, vou atravessar o farol da Rua Padre Adelino com a Avenida Álvaro Ramos, guiada pela lua mutante, fixamente perdida em pensamentos não-ditos. Às quartas, treze ou treze e dez, cruzarei algum ponto entre a Japão e a Antônio Felício, conversando com duas, três ou quatro mulheres entre risos pré-gastronômicos, que num lapso de hora transformam-se em tristeza anafada. Quintas, às dezoito, meus pés apressados alcançarão a Avenida São Gabriel, contando vantagem de ligeirice entre os carros no trânsito, a caminho de alguém pago para me compreender. Às sextas não me encontro. Sábado, nem toco. Domingo, domingo.

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Mãos

Macias e quentes Descem e sobem Confabulam, apertam Enrolam-se Como serpentes ao som de uma flauta Provocam uma febre alta Ignoram a pauta Do que é moral ou certo Vão chegando mais perto Do objetivo incerto Que é o prazer. Enérgicas e diligentes Crescem e diminuem Escondem-se, surpreendem, diluem Como uma corrente d’água doce Que pelo corpo passeia Sem o menor pudor novelístico O propósito? Tornar real o místico. Sem emulações Negociações ou neuras Tocam o que quiserem E fazem em terra o milagre De viver nas estrelas.

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