Contemplei-a por um bom tempo abaixo das luzes coloridas
Encabulada, mexia-se timidamente
Levantei-me e ela veio comigo
Dançamos através da noite
Bem colados
A mesma silhueta embalada ao som da solitude.
E no dia que foi anunciada a reeleição do homem para o terceiro mandato, todos rezaram pra que fosse 1º de abril.
Read MoreVolta lá e diz para ela parar de ser besta. Que esse negócio de ser feliz para sempre com um homem é exercício utópico e que nunquinha funciona na real. O negócio é ser feliz agora. Aliás, ela é livre para escolher homem, mulher, o que ela quiser, viu? Só para deixar claro.
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Não sei se poder inconsciente de um livro, ou fato consciente da vida, hoje descobri: sinto-me uma velha. Dessas que viveram à toda atrás de um amor, ainda que aqueles de verão. Invejo quem pode se apaixonar, sem vergonha do colorido das palavras, do sustenido do coração… tão óbvio, tão adolescente. Um coração quente que não se pode gelar, nem pela morte. Sinto-me uma velha ao observar o comportamento dessas crianças, sempre radiantes, combinando com os dias intermináveis de sol . Enquanto eu, aqui, sentada a olhar as nuvens sem forma, o ar denso e triste, os passos apressados dos corações descompassados de tanto amor. Meio século se passou desde o primeiro beijo apaixonado, e nada é como se fosse ontem, mas sim como um futuro do passado. Assim: tão trágico e sem esperança. Sinto-me uma velha com esses olhos insóbrios de tanto esperar. Uma velha escondida entre os tantos romances avassaladores e eternos. Aqui, sentada, regando com esforço o hedonismo nas madrugadas de saudade.
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