Miniconto 95* - Amor analfabeto

A certeza do amor pelo time era tão grande quanto a incerteza na hora de escrever o nome: CURINTIA.

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Ostentava o objeto com a obsessão de um onipotente. Olga, ofendida, obliterava a obscuridade do marido.

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Pinga

Não há pinga que cure. Pinga pura, descendo quente na garganta de fome. Dorme que passa. Trabalha que cansa. Lava, torce, amassa. Coloca na cabeça e atravessa a mata. Em casa, pinga. Dose para criança. Solução homeopática de vida miserável. Vai para a cidade, moça. Lá não pinga, escorre fartura. Só que pinga, sim. Pingão grosso que escorre da parede e molha o colchão surrado. Alaga o quarto. Vai, menina: lava, puxa, limpa. Se não guentar, pinga que passa. Pinga que passa a tristeza. Passa canseira, passadeira, passa até saudade da terra onde há tempos não pinga. A gente aqui não tem vereda, só vive. Vai vivendo, assim, nesse pingue-pongue, às vezes punga, e no final sempre pinga, queimando a garganta. Alívio de alma vendida. Já no fim da vida, a menina, azoada, cai de boba. Não dorme sem pinga. Não acorda sem pingar o olho. História que amarga a boca. O rosto enruga, murcho de esperança. Lá se foi a criança. Não há pinga que cure.

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