Miniconto 53* - Erro

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Sempre fazia careta ao se olhar no espelho, sem conseguir admitir o rosto naturalmente distorcido depois do acidente que foi seu nascimento.

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Finalmente : Feliz 2009!

Pra quem nunca tinha ouvido falar , o palavra Carnaval origina-se do termo “ Carne vale”, que não tem origem certa – uns dizem que é um termo Romano, outros dizem que é Grego. O que ele significa? Essa é a parte, no caso dos brasileiros, maliciosamente irônica da história: “Carne Vale” significa “Adeus à Carne”, por conta do inicio da Quaresma na quarta-feira de cinzas. Se a festa era pra ser ligada ao Cristianismo, acho que o diabo mexeu seus pauzinhos, pois – pelo menos aqui no Brasil – o carnaval é a época em que as maiores tentações são expostas, principalmente a carne proibida, se é que dá pra entender.

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Miniconto 94* - Inquisição da paixão

Iria até o inferno mil vezes sem reclamar para queimar todos os dias no fogo do homem.

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Pinga

Não há pinga que cure. Pinga pura, descendo quente na garganta de fome. Dorme que passa. Trabalha que cansa. Lava, torce, amassa. Coloca na cabeça e atravessa a mata. Em casa, pinga. Dose para criança. Solução homeopática de vida miserável. Vai para a cidade, moça. Lá não pinga, escorre fartura. Só que pinga, sim. Pingão grosso que escorre da parede e molha o colchão surrado. Alaga o quarto. Vai, menina: lava, puxa, limpa. Se não guentar, pinga que passa. Pinga que passa a tristeza. Passa canseira, passadeira, passa até saudade da terra onde há tempos não pinga. A gente aqui não tem vereda, só vive. Vai vivendo, assim, nesse pingue-pongue, às vezes punga, e no final sempre pinga, queimando a garganta. Alívio de alma vendida. Já no fim da vida, a menina, azoada, cai de boba. Não dorme sem pinga. Não acorda sem pingar o olho. História que amarga a boca. O rosto enruga, murcho de esperança. Lá se foi a criança. Não há pinga que cure.

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