Miniconto 122* - Credibilidade
- Gessica Borges
- Minicontos
- August 20, 2012
Se eu contar que sofro de uma doença crônica que faz com que eu minta a cada dez palavras, ninguém acredita.
Se eu contar que sofro de uma doença crônica que faz com que eu minta a cada dez palavras, ninguém acredita.
Embelezou-se, perfumou-se e fantasiou-se de bombeira safada, mas não salvou ninguém.
Read MoreNão há pinga que cure. Pinga pura, descendo quente na garganta de fome. Dorme que passa. Trabalha que cansa. Lava, torce, amassa. Coloca na cabeça e atravessa a mata. Em casa, pinga. Dose para criança. Solução homeopática de vida miserável. Vai para a cidade, moça. Lá não pinga, escorre fartura. Só que pinga, sim. Pingão grosso que escorre da parede e molha o colchão surrado. Alaga o quarto. Vai, menina: lava, puxa, limpa. Se não guentar, pinga que passa. Pinga que passa a tristeza. Passa canseira, passadeira, passa até saudade da terra onde há tempos não pinga. A gente aqui não tem vereda, só vive. Vai vivendo, assim, nesse pingue-pongue, às vezes punga, e no final sempre pinga, queimando a garganta. Alívio de alma vendida. Já no fim da vida, a menina, azoada, cai de boba. Não dorme sem pinga. Não acorda sem pingar o olho. História que amarga a boca. O rosto enruga, murcho de esperança. Lá se foi a criança. Não há pinga que cure.
Read MoreSeus setenta e sete anos eram repletos de dinheiro na conta e flerte com o mocinho do caixa.
Read More