Estranhamento
- Gessica Borges
- Adolescência , Amor , Poemas , Poesia , Sentimentalismo
- February 25, 2010
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Mais um delírio literário que volta no tempo, que tenta entender o que é esse tal negócio de “crescer”. Dizem que uma hora isso para, mas eu acho que vamos ter que crescer até quando já formos velhos, porque algumas coisas são eternamente incompreensíveis, até para a suposta maturidade.
Então, sem mais delongas e viagens, o poema abaixo trata:
- Do garoto cauteloso, ao homem ousado.
- Da garota romântica, que não mudou de lado.
- Das mudanças óbvias do que um dia foi o primeiro amor vivido.
- Da vida, crescida, que não faz sentido.
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Há anos, estranhei sua paciência.
Donde vem tanta presença e companheirismo?
Nessa minha vida que só fazia rodar, sem lirismo algum.
Há meses, estranhei seu estilo
Donde vem esse cabelo da moda e essa calça descolada?
Achei que tu era tu, e mais nada.
Há dias, estranhei seu humor.
Donde vem essa alegria espontânea, gritando a necessidade de sorrir?
Você, que a cada noite calada parecia ruir.
Há horas, estranhei seu olhar.
Donde vem essa coragem para elogiar a garota?
Na testa, do suor, nenhuma gota.
Há minutos, estranhei sua liberdade.
Donde vem essa verdade estampada no rosto?
Onde está a vergonha, seu moço?
Outrora escondida nos versos angustiados
Agora estampada nos olhares falados
Que nem sei como interpretar.
Em segundos, estranhei tu, estranhei a mim.
Sem saber se sentia assado, se sentia assim,
Sobre o que, agora, tu é. Donde vem esse deslocamento, essa perdição de sentimento, que não sei onde colocar?
Desconhecendo tu,
Acreditando em mim.
Sempre achei que ia ser assim,
No fim,
Uma desconexão rebelde entre nós
Fruto de uma confusão inerte dos nós
Do primeiro amor.