Textos

Olá, mundo!

Boas-vindas ao WordPress. Esse é o seu primeiro post. Edite-o ou exclua-o, e então comece a escrever!

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Pinga

Não há pinga que cure. Pinga pura, descendo quente na garganta de fome. Dorme que passa. Trabalha que cansa. Lava, torce, amassa. Coloca na cabeça e atravessa a mata. Em casa, pinga. Dose para criança. Solução homeopática de vida miserável. Vai para a cidade, moça. Lá não pinga, escorre fartura. Só que pinga, sim. Pingão grosso que escorre da parede e molha o colchão surrado. Alaga o quarto. Vai, menina: lava, puxa, limpa. Se não guentar, pinga que passa. Pinga que passa a tristeza. Passa canseira, passadeira, passa até saudade da terra onde há tempos não pinga. A gente aqui não tem vereda, só vive. Vai vivendo, assim, nesse pingue-pongue, às vezes punga, e no final sempre pinga, queimando a garganta. Alívio de alma vendida. Já no fim da vida, a menina, azoada, cai de boba. Não dorme sem pinga. Não acorda sem pingar o olho. História que amarga a boca. O rosto enruga, murcho de esperança. Lá se foi a criança. Não há pinga que cure.

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Diário de um golpe

Aqui onde A mulher preta tampa O rosto, a cor, a alma Com base branca Onde são quatro Os filhos da moça Dois descalços Dois sem touca Na cinza manhã fria O orelhão ainda é Uma ponte pra Bahia Aqui onde Sente como uma mocinha! Preto não sai da linha Que a senhora tricota Com o cerne entristecido Aqui onde O homem vende espetinho Alheio aos direitos dos bichos E dos humanos O chicote estrala na viela O soco cala a boca dela Eles invadem Sem mandado, sem sequela E eu sou livre Para cobiçar o pulo Da plataforma de ferro acobreado Aqui onde todo dia é 64 E nada está nos trilhos.

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Ela, eu, e o parabéns.

Então ela vem De uma vez só Muita vezes Na rua, no quarto, enquanto olho para as paredes Ou amarro meu turbante Vem em forma de um cômodo vazio De um lembrança cheia Ou de um simples fumante Alheio a tudo. É súbita e aguda Como quando a gente bate o dedo mindinho num canto E são muitos cantos agora E a dor não cessa nunca Só se esconde entre risadas E volta escancarada Em lágrimas de saudade Um quarto de século de vida Três meses destituída “Filha, deus te abençoe, muitos anos de vida”. A dor vem Eu engulo o seco e respondo Para todo mundo Obrigada, gente.

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O Início de Mim Mesma Para Vocês

Eu assisti essa declaração da Lady Gaga e fiquei feliz em notar que ela disse “balls” que foi traduzido como “coragem”, e fiquei me perguntando se não é uma expressão sexista, uma vez que mulheres não tem, literalmente, “balls”.

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Revestimento

Construção textual com imagem.

P.S.: A leitura deve ser feita debaixo para cima, fileira por fileira.

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Supermercado

PROMOÇÃO DOIS POR UM POR TODOS NENHUM POR NÓS NÃO PENSE APENAS D………..A N………..C(K) E. (Experimentação poética com o conceito de móbile de Alexander Calder)

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(Des)engano

Eu me espreguicei e desenrolei só para me enrolar de novo na coberta por mais um tempo. É tipo um jogo que eu faço, sabe? Para enganar a vida. Eu finjo que vou fazer uma coisa, quase faço, mas aí volto atrás e faço outra coisa diferente. É legal enganar a vida assim, faz eu me sentir no comando das coisas, como uma garota esperta.

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a.c.r.o.s.t.i.c.o.

Aquela brincadeirinha de escola Clichês cruzados, rimas forçadas Resgatadas em nome próprio Ostraídas de juízo Sobra de literatura e/ou Ternura exaltada que não Imprime nada Cabe apenas de um jeito, sem inspirar O início, o fim e o meio

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