Gessica Borges

Gessica Borges

Correia Borges. Nasci em 1990 em São Paulo (Brasil), e desde então tenho me (re)feito pelos mundos: geográficos, literários, acadêmicos e íntimos.

Cresci na região do Grajaú, periferia paulistana, onde vivi por 26 anos antes de desembarcar em outro Porto, em Portugal, onde vivo desde 2017.

Se quer saber mais, aqui está uma parte da minha tratória.

Você também pode visitar o meu currículo acadêmico

E se quiser me oferecer um café ou fazer um convite, escreva para: ssica.ge@gmail.com

Tenho estado cada vez menos em redes sociais (a saúde mental agradece), mas se quiser mesmo se conectar comigo por aí, você pode me achar em:

Olá, mundo!

Boas-vindas ao WordPress. Esse é o seu primeiro post. Edite-o ou exclua-o, e então comece a escrever!

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Pinga

Não há pinga que cure. Pinga pura, descendo quente na garganta de fome. Dorme que passa. Trabalha que cansa. Lava, torce, amassa. Coloca na cabeça e atravessa a mata. Em casa, pinga. Dose para criança. Solução homeopática de vida miserável. Vai para a cidade, moça. Lá não pinga, escorre fartura. Só que pinga, sim. Pingão grosso que escorre da parede e molha o colchão surrado. Alaga o quarto. Vai, menina: lava, puxa, limpa. Se não guentar, pinga que passa. Pinga que passa a tristeza. Passa canseira, passadeira, passa até saudade da terra onde há tempos não pinga. A gente aqui não tem vereda, só vive. Vai vivendo, assim, nesse pingue-pongue, às vezes punga, e no final sempre pinga, queimando a garganta. Alívio de alma vendida. Já no fim da vida, a menina, azoada, cai de boba. Não dorme sem pinga. Não acorda sem pingar o olho. História que amarga a boca. O rosto enruga, murcho de esperança. Lá se foi a criança. Não há pinga que cure.

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Diário de um golpe

Aqui onde A mulher preta tampa O rosto, a cor, a alma Com base branca Onde são quatro Os filhos da moça Dois descalços Dois sem touca Na cinza manhã fria O orelhão ainda é Uma ponte pra Bahia Aqui onde Sente como uma mocinha! Preto não sai da linha Que a senhora tricota Com o cerne entristecido Aqui onde O homem vende espetinho Alheio aos direitos dos bichos E dos humanos O chicote estrala na viela O soco cala a boca dela Eles invadem Sem mandado, sem sequela E eu sou livre Para cobiçar o pulo Da plataforma de ferro acobreado Aqui onde todo dia é 64 E nada está nos trilhos.

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Ela, eu, e o parabéns.

Então ela vem De uma vez só Muita vezes Na rua, no quarto, enquanto olho para as paredes Ou amarro meu turbante Vem em forma de um cômodo vazio De um lembrança cheia Ou de um simples fumante Alheio a tudo. É súbita e aguda Como quando a gente bate o dedo mindinho num canto E são muitos cantos agora E a dor não cessa nunca Só se esconde entre risadas E volta escancarada Em lágrimas de saudade Um quarto de século de vida Três meses destituída “Filha, deus te abençoe, muitos anos de vida”. A dor vem Eu engulo o seco e respondo Para todo mundo Obrigada, gente.

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O Início de Mim Mesma Para Vocês

Eu assisti essa declaração da Lady Gaga e fiquei feliz em notar que ela disse “balls” que foi traduzido como “coragem”, e fiquei me perguntando se não é uma expressão sexista, uma vez que mulheres não tem, literalmente, “balls”.

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Revestimento

Construção textual com imagem.

P.S.: A leitura deve ser feita debaixo para cima, fileira por fileira.

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Supermercado

PROMOÇÃO DOIS POR UM POR TODOS NENHUM POR NÓS NÃO PENSE APENAS D………..A N………..C(K) E. (Experimentação poética com o conceito de móbile de Alexander Calder)

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(Des)engano

Eu me espreguicei e desenrolei só para me enrolar de novo na coberta por mais um tempo. É tipo um jogo que eu faço, sabe? Para enganar a vida. Eu finjo que vou fazer uma coisa, quase faço, mas aí volto atrás e faço outra coisa diferente. É legal enganar a vida assim, faz eu me sentir no comando das coisas, como uma garota esperta.

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a.c.r.o.s.t.i.c.o.

Aquela brincadeirinha de escola Clichês cruzados, rimas forçadas Resgatadas em nome próprio Ostraídas de juízo Sobra de literatura e/ou Ternura exaltada que não Imprime nada Cabe apenas de um jeito, sem inspirar O início, o fim e o meio

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Carinhoso

Ele cantarolou Pixinguinha a manhã inteira. Arrumou a cama, tirou o pó da estante de livros, limpou o banheiro com desinfetante de lavanda, colocou as roupas na máquina e preparou o almoço, ninando a abóbora ao som de Rosa. Estátua majestosa.

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Diz para ela

Volta lá e diz para ela parar de ser besta. Que esse negócio de ser feliz para sempre com um homem é exercício utópico e que nunquinha funciona na real. O negócio é ser feliz agora. Aliás, ela é livre para escolher homem, mulher, o que ela quiser, viu? Só para deixar claro.

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Uma linha para sete palmos, ou bilhetes de célebres suicidas

A louça da noite é sua. Com amor, Amélia Eu sempre fui trouxa. J.K. Rowling Quero ver vocês rirem dessa. Bozo Desculpa, nem eu esperava. George R. R. Martin Eu, sim, saio da vida para entrar na história. Jair Bolsonaro Amarelei. Visconde de Sabugosa Finalmente não preciso dizer mais nada. Charlie Chaplin

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Sobre tornar-se negra(o)

Sou negra desde que nasci. Não obstante, apenas nos últimos anos examino os reflexos do racismo sobre mim. Até hoje, tenho sido considerada uma mulher inteligente e dedicada, em termos acadêmicos e profissionais. Sempre boa aluna, sempre guerreira, a menina pobre e negra (mas não tão negra assim) que é forte, instruída e articulada.

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O envelope

A vida Envelopada Na pressa Do que não é urgente Ou calada Num A4 Ou num ofício Re-voltados Rabiscados Em papéis Enrolados Que não dizem nada São árvores Regadas para morrer Não mãos De um destinotário.

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Status Quo

Acaso me queira, segundas, às oito ou oito e quinze, estarei na estação. Entre a primeira e segunda porta do vagão da frente, onde o sol poetiza a periferia. Às terças, mais ou menos vinte e duas horas, vou atravessar o farol da Rua Padre Adelino com a Avenida Álvaro Ramos, guiada pela lua mutante, fixamente perdida em pensamentos não-ditos. Às quartas, treze ou treze e dez, cruzarei algum ponto entre a Japão e a Antônio Felício, conversando com duas, três ou quatro mulheres entre risos pré-gastronômicos, que num lapso de hora transformam-se em tristeza anafada. Quintas, às dezoito, meus pés apressados alcançarão a Avenida São Gabriel, contando vantagem de ligeirice entre os carros no trânsito, a caminho de alguém pago para me compreender. Às sextas não me encontro. Sábado, nem toco. Domingo, domingo.

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Mais do mesmo

“ […] Ela fitou João, incrédula, e disse: — Mas, casar? — Casar. — Hmmm, só com casa. — Casa? — Pra casar, ué. — Se casar, vai coser? — Casualmente. — Êêê, sua Coisa! — Coisa, é?! — … — Assim não caso. — Ah! Casa, vai?! … — Tá bem, caso. Se… — Qual coisa? — A casa. — Cozinhar? — Caso sério… — Cacete! Não me dá coisa nenhuma? — Uma coisa. — ? — Cu. — Casaremos! — Com casa? — Com tudo!” Malu terminou de ler, fechou o livro, se recostou na cama, e constatou com tristeza: — Meu Deus, que coisa machista. Hugo, que tinha lido o mesmo texto minutos antes e achado engraçado, apenas disse: — Pois é. E você vê, né… escrito por uma mulher. Tá vendo como é? — Isso também é machista, Hugo. Machista e sexista, aliás. — O quê? — Atribuir características negativas necessariamente ao sexo feminino. Se fosse um homem o autor do texto, você provavelmente não teria dito isso. É a mesma lógica de “mulher no volante, perigo constante” e outras tantas asneiras machistas. — Nossa, Malu, eu só fiz um comentário. Deixa de ser doida, paranoica. Tudo pra você é motivo de discussão. — Gaslighting. — O quê? — Isso que você está fazendo. É gaslighting. Um termo em inglês que explica como abusadores, majoritariamente homens, distorcem e desacreditam o que mulheres dizem, querendo que elas duvidem da própria memória e sanidade. Não é à toa a nossa fama de histéricas. Mais um joguinho do patriarcado pra manter a gente sob controle. — Nossa senhora. Lá vem! Então tudo que eu disser agora é machismo?! — Eu não disse isso, Hugo. A gente mal começa a conversar e você já perde a paciência. Por que será? Mulher é tudo burra, né? Deve ser difícil descobrir que você faz parte da escória masculina. E o machismo nosso de cada dia? Não pode. Não pode mais elogiar a coleguinha gostosa da firma. Não pode mais fiu-fiu. Se chegar em casa e não tiver comida pronta e roupa lavada, não pode mais reclamar. Também não pode… — Ai, Malu. Chega! Você me cansa. Tá vendo como você é louca? Você tem que entender, é natural mulher fazer as coisas de casa, Deus fez cada um de um jeito… — Lá vem você com o mansplaining! Tem que explicar tudinho, até desenhar, pra ver se eu entendo, né? Um mais um é dois. O sol é redondo. Homem é forte e mulher é fraca… sempre a mesma ladainha. Qual a próxima babaquice que vai sair da sua boca? — Tô achando melhor eu ficar quieto. Não dá para discutir com você assim. Não vamos chegar a lugar nenhum. — Esse é justamente o problema, Hugo! Ultimamente a gente quase não conversa. Tudo que eu falo parece exagero, parece briga. Faz um exercício: imagina você ter nascido mulher. Sempre gorda demais ou magra demais. Atirada demais ou se faz de sonsa. Se a roupa é curta, vadia. Se é longa, brega ou crente do rabo quente. Se o cara erra, ele é filho da puta. Veja bem, o filho, porque a puta ninguém quer ser, né? Aí toda vez que eu tento falar disso, você me interrompe, diz que não é bem assim, quer me explicar que o mar é azul. Caralho! É ou não é pra ficar possessa? Tenho que colocar pra fora mesmo! Até ver se algo do que eu falo entra na sua cabeça! — … — Vai ficar quieto dessa vez? Não vai dizer nada? — … Você até que é uma mulher inteligente.

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Master of None e tudo aquilo que angustia a gente

Master of None é de fuder. Claro que essa não é uma opinião crítica com base técnica, mas, bem, a experiência vale como opinião, não vale? Vale. Aziz Ansari, criador, produtor e protagonista da série, fez um ótimo trabalho comigo como espectadora, sem que eu percebesse. Ao final de cada episódio, fui tomada por uma emoção problemática, que mistura identificação e, ao mesmo tempo, angústia.

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Miniconto 184* - Tragadouro

Saiu dizendo que ia comprar cigarros e só apareceu anos depois, todo em cinzas.

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Miniconto 183* - Hábito

Era a décima quarta vez que mentia para si mesma dizendo que nunca mais mentiria para si mesma.

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Minha Transiçao Política Capilar

Eu não comecei a alisar o meu cabelo porque queria ter o cabelo liso. Eu nunca achei o cabelo liso mais bonito que cabelo cacheado, nem quando eu era criança, nem adolescente, nem agora.

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Miniconto 18* - Visão do Inferno

Pedras abriam a torneira de lágrimas vermelhas da pequena condenada, encharcando sua burca. Foi a primeira - e última - vez que viu sangue.

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Miniconto 182* - Morte súbita

Releu a última mensagem dela no whatsapp por dias e dias depois do enterro: “njasdgbnnnnnnnnnnnnjasda”.

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Miniconto 181* - Psiu

— Você não acreditaria se eu te contasse.

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O Nimoy e a Dona Rute

Essa semana morreu Leonard Nimoy, ícone nerd/pop intérprete do personagem Spock, cujo jargão, “Vida longa é próspera” é uma das frases mais famosas da história do entretenimento. Nimoy tinha DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), resultado das décadas como fumante.

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Volta

24

Os olhos dela estão arroxeados A gaze na boca reflete a morbidez do quarto de UTI Ela não responde, o pulmão muito menos Ao sair de lá, ajeito o meu black power recém-assumido no espelho, como se não tivesse morrendo por dentro24Mesmo ofegante eu entendo o que ela pede “Ai ai ai” “ Me dá..” O que, mãe? “Vida.”23O ano passa tão rápido que a minha memória não tem tempo de fotografar tudo Era o amor da minha vida ali atrás? Era um trabalho apenas para pagar as contas ali na frente? Era a cadeira de rodas dela emperrando ali no meio? Era eu em algum momento?22Ufa!Formada. A vida mais cada vez mais bagunçada Só conheço o significado de três palavras: Inércia Angústia Desespero Que esse 13 acabe logo Espero…21Último ano da faculdade Aí, no ano que vem… Mas esse ano, AVC. Ai. Traição. Ai. TCC. Ai. Subo no palco do auditório com o grupo para receber o prêmio pelo trabalho. De novo: orgulho de quem eu sou?20Eu trabalho para uma instituição que lucra 5 bi/ano enganando pessoas e acredito que o meu TCC mudará minha vida.19Alô? Oi, tia. Não, foi mais uma convulsão. Não sei, tia. Tô esperando o médico. Não, não vou trabalhar hoje. Sei lá… invento uma desculpa.18Eu choro descontroladamente ao ganhar a bolsa Publicidade. De graça. Caraca, isso vai mudar a minha vida. Ninguém da minha família entende o orgulho. o.v.e.l.h.a.n.e.g.r.a.17Adolescência, que merda.16Uma semana de namoro e, nossa, eu sou a garota mais feliz do mundo. Ele diz que é apaixonado pela minha melhor amiga. Dá pra morrer de amor? Foco no trabalho e resto só Deus sabe.15Ele é o cara mais inteligente que eu já conheci. Tô apaixonada. A gente conversa sobre nanotecnologia enquanto o sereno cai e eu viajo olhando as luzes do posto de gasolina. Como será beijar um cara? Começo a escutar rock n’ roll. A paraninfa da turma me entrega troféu de melhor aluna do curso e eu sei que aquele é o começo da minha carreira brilhante.14Passo pelo dedo pela lista e meu coração dispara porque não estou entre as Jéssicas. Ah, calma, são 3 letras pra cima. Gessica. Correia. Borges. Eu começo a chorar porque vou começar um curso que pode resultar no meu primeiro emprego e, quem sabe, orgulhar pra valer a minha família.13Álcool e outras drogas correm pelas veias do meu pai, mãe e irmão. Acho que o efeito é mais forte em mim do que neles.12Minha mãe não foi trabalhar hoje. Eu finjo que ela não está dormindo totalmente bêbada no quarto enquanto eu e meus amigos fazemos trabalho na sala. Minha madrinha passa uma química no meu cabelo pra ficar mais fácil de pentear. Eu sinto menos vergonha dele agora.11Primeiro dia na nova escola. Não tenho uma roupa nova pra ir. Na entrada, todo mundo olha estranho pra minha calça peluda e meu cabelo crespo com chiquinhas. Levanto a mão toda hora pra responder as perguntas da professora e, bingo, acharam a CDF da sala.10Na última reunião do ano, a professora diz que eu estou a frente dos colegas e jura que darei muito certo. Mamãe está bêbada e desvia o assunto.09Os dois não param de gritar. “Sua ordinária, filha da puta” ‘Seu vagabundo descarado” Eu tento gritar mais alto pedindo pra eles pararem. Ninguém me escuta nessa casa. Subo pra laje pra chorar sozinha.08Ela não conseguiu levantar pra ir à primeira reunião do ano na escola e eu encontro camisinhas na mala do meu pai, mas eles já não estão juntos há anos.07Uns caras vieram aqui no portão hoje cobrar os cheques sem fundo que meu irmão passou pra usar droga. Minha mãe me carrega pela mão pelas ruas do bairro, acho que está procurando ele, mas não entendo direito.07Primeiro mês da primeira série e a professora me transfere pra segunda série, porque eu acabo as tarefas muito rápido e durmo o resto da aula. Na sala, um menino branco me alopra todos os dias: pela minha idade, pela minha cor, pelo meu cabelo desgrenhado, pelos meus dentes tortos e orelha de abano. Ainda bem que eu achei um canto pra ficar sozinha às vezes. A escola não tem uniforme, mas eu tenho. É a única roupa nova do ano.06Fizeram uma festinha de aniversário pra mim. Na hora do parabéns eu escondo o rosto pra chorar porque tô com vergonha dos meus pais, que estão muito bêbados.05Ele me parou no corredor e me abraçou de um jeito estranho. Senti sua mão correr por uma parte que eu sabia que não era permitida e saí correndo. Nunca vou falar disso com ninguém.04Minha mãe tá me carregando pelo colo e andando apressado em direção à avenida escura. Acho que meu pai chegou louco em casa.03 02 01 044 anos? Grávida? Rute, Rute … você precisa parar de fumar. Essa menina já é um milagre.

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Miniconto 180* - Sadô

Usava a corda em si mesmo para acordar para a vida.

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Dove. De novo.

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Acho que uma dos primeiros cases que estudei na faculdade foi sobre a Dove e sua companha da real beleza. Eu lembro que na época, pensei: “Ahn ham, tá, real beleza, uma marca grande dessas? Conta outra.”.

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Qual trabalho traz felicidade?

Em termos trabalhísticos, eu me pergunto todos os dias o que eu realmente gosto de fazer.

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Miniconto 179* - Rotina

Diariamente ia ao banheiro do escritório para escovar os dentes, tirar uma soneca após o almoço e derrubar lágrimas jurando que nunca mais voltaria lá.

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Miniconto 178* - A esquecida

Dois risquinhos azuis no whatsapp para dois riscões vermelhos nos braços. Um em cada pulso.

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Miniconto 177* - Deslustre

Do outro lado do rio, as luzes no morro iluminavam a noite solitária. Focou em uma e imaginou um amor lá dentro. Daí apagou-se.

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Xodó

Você De perto Embaçado Seu rosto Desfoque Colado Do lado Dedos Trançados De longe Só quero Você.

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Miniconto 176* - Quinze anos

Fechava os olhos e sentia o gosto das amoras silvestres e amores selvagens.

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rompe-dura

Descobriu-se Amante do Eu Amarrada por Nós Despiu-se Do medo Refez-se Do zero A sós.

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Miniconto 175* - Ciclo

Gravou um CD de músicas que compôs por sob a tristeza. Milhões ao redor do mundo ficaram mais felizes com isso.

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Miniconto 174* - Paradoxo

Naquele lugar, como em tantos outros, o Rei da Cocada Preta era branco.

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Miniconto 173* - Afago

Os nós do meu cabelo Enroscados Nos seus dedos E os meus medos Desembaraçados Por nós.

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Valentina, 16 anos, Engenheira de Aviõezinhos de Papel.

Acordou aquela manhã e leu sua bio do blog repetidas vezes, como que com dificuldade de entender a frase que outrora era a descrição perfeita de si mesma: “Só sei que nada sei”.

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Miniconto 172* - Mal-estar

Na reunião da diretoria, eles entraram na sala e expulsaram a copeira apenas ao gesto de ignorá-la.

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Miniconto 171* - Relance

Ele descendo a escada rolante e meu coração subindo a escada cardíaca.

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Refluxo

No último dia, ele fumou um cigarro com a lentidão de um domingo. Era quarta-feira e ele estava pensando nela, em como o lado esquerdo dos seus lábios subiam quando ela falava, especialmente se o comentário era perspicaz. Depois do sorriso torto, ela tragava no estilo bonequinha de luxo, fazia uma careta adorável e cruzava as pernas distraída. Tudo muito excitante. Depois subia levemente com a cabeça, indicando que era a vez dele de falar e então estreitava os olhos enquanto escutava. Ele nunca soube se por causa da fumaça ou por causa do discurso, mas lembrar da cena deu vontade de fumar. O celular tocou e era o Dr. Rubens libertando-o do devaneio. Não era supersticioso, nem nada, mas soube antes de atender.

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Práxis

Eles voltam das férias falando de uma porção de lugares que só depois vou conhecer, através das minhas pesquisas cibernéticas.

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Miniconto 170* - Disfarce eufônico

No trajeto para casa o balançar de cabeça no ritmo da música era sempre de olhos fechados. Uma estrela que se preze nunca revela o sentimento por trás do olhar.

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Miniconto 169* - Imagine

Sua defesa contra o lamento era o pinga-pinga do telhado furado que ela ouvia combinando cada vez com ritmo diferente.

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Miniconto 168* - Lamento

Despejava todos os dias eu seu trono privado a realeza que nunca usufruiu na vida pública.

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Miniconto 167* - Martírio

Quando não conseguiu mais expressar-se em tinta preta, manchou toda a folha em vermelho.

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Miniconto 166* - Conde

Era de uma vitalidade, charme e sedução enfeitiçantes, diziam. Para o espelho, o nada.

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Miniconto 165* - Conveniência

A febre era tão grande que vários dos veículos importantes já anunciavam a nova doença: Amnésia Política.

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Miniconto 164* - Improviso

Assim que disseram que ia ter que amputar uma das mãos, começou a pensar em como ia se tocar ao mesmo tempo que segurar o binóculo que mirava a janela da Leninha.

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Miniconto 163* - Frouxidão

Quando Carlão chegava aquela hora e daquele jeito, não era só a maquiagem que ela borrava.

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Miniconto 162* - Desencontro

Ela se perdia nele enquanto ele, perdido, aos poucos perdia ela.

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Miniconto 162* - Opoente

Ela passava o dia pensando em como ele poderia aquecê-la quando chegasse em casa. Ele pensava numa gelada.

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Miniconto 161* - Maria

Ela gostava do Dr. Marcelo e aquela pompa toda, mas nada como o Zené que, quando ela passeava pelo bairro com aquela minissaia, falava com o pescoço levantado:

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Miniconto 160* - Displicência

A mãe dizia aos berros:

— Tá pensando o quê? Não sou uma das suas amiguinhas, não!

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Miniconto 159* - Ritual

À noite, antes de deitarem juntos, sempre tomava banho e colocava uma calcinha limpa e sequinha, apenas para molhá-la de novo minutos depois

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Miniconto 158* - Delírio

Quase no fim, quando ela gemeu daquele jeito, ele soube que o filho da puta do vizinho estava participando indiretamente da noite.

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Miniconto 157* - Timing

O chico chegou mais cedo quando o Chico quis chegar mais longe.

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Miniconto 156* - Mãozinha

O consolo era estimulado pelo casal que morava no apê de cima que, para o seu prazer, era muito performático.

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Assimetria

Foto by Bukowski

Eu odeio o amor

E em nada tema ver contigo

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A preço de custo

Eu te beijei Segui sua sombra Vivi abaixo Perdi escrúpulo Eu te abracei Você se foi O que sobrou Financiei Fiz fantasia Depois passei pra frente Não teve mais a gente Restou o eu sabia.

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Miniconto 153* - Capricho

Em menos de cinco segundos, travou uma luta contra os lábios trêmulos, a voz falha e as lágrimas proeminentes, mas disse:

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Miniconto 152* - Não-notável

Virou o rosto e deu a cara pra bater, no poste.

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Miniconto 151* - Esperança

Abria as portas e janelas todas as manhãs, mas às vezes nem o sol vinha lhe visitar.

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[sem-ti-mentalismo]

Sou romântica demais para ser leve. Sou pesada demais para não ser gente. Sou gente demais para fingir que felicidade é estado natural. E, para completar, não tenho tempo (nem têmpora) para processar isto tudo antes de verter pesamentos, assim, românticos demais.

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[passagem]

Perdi o momento em que nós nos perdemos um do outro, deixando aquele gosto amargo da ausência de algo que, na verdade, nunca vivemos.

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Só lá se ♫

Se eu não tivesse Ou vives.se Sem.ter.tido Seu seio, A mim anexo Se.melhante Se.ria uma poesia Se.gregada Sem se.ntido Sem nem comigo Nem com nada.

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Miniconto 149* - Ciclo

Casou.

Coisou.

Cansou.

Causou.

Cessaram.

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Miniconto 150* - Trago

Seguia tragando a vida que ninguém havia acendido.

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Miniconto 147* - Aspiração

Acompanhava a morte do sol todas as tardes com veemente empatia.

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Miniconto 146* - Despejo

De repente percebeu-se voando enquanto o avião foi ficando distante.

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Miniconto 145* - Revés

Abriu o guarda-roupa e optou pelo otimismo, que raramente usava. Choveu aquele dia.

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Miniconto 144* - Prudência

Tinha um cheiro sepulcral Esguichos de sangue por todo lado E o corpo bem no meio Mas pra Tia Lalá a decoração da sala ainda era de muito bom gosto.

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Miniconto 143* - Prostração

No caderninho de bolso, assim como na vida, tudo era rascunho inacabado.

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Miniconto 142* - Festa de Família

Todas as primas cruzaram as pernas quando o Cézinho levantou pra falar.

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Miniconto 141* - Coveiro malvado

Levava flores para ela todos os domingos. Ela não agradecia, nem nada, mas ele estava convencido que era por causa que o diabo do coveiro tinha cavado fundo demais.

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Miniconto 140* - Luto

A fumaça do cigarro bagunçava a visão e causava uma inebrie relaxante.

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Miniconto 139* - Meretriz

Seu valor era inversamente proporcional à claridade.

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Sombridão

Contemplei-a por um bom tempo abaixo das luzes coloridas

Encabulada, mexia-se timidamente

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Miniconto 138* - Inércia

Fazia sol. Fazia chuva. Fazia dias que, para ela, não fazia nada.

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Miniconto 137* - Repelência

Duelou educada e elegantemente com o reflexo no espelho por horas antes de finalmente esmurrá-lo.

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Miniconto 136* - O que não sai

Sinto o toque, não me volto.

Suas mãos permanecem em meu voto

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Miniconto 135* - Saudade

Em um ímpeto de esperança, falsificou a própria assinatura nos papéis do divórcio.

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Apatia

Fiquei ali parada Entre o que houve e o que só deus sabe Ouvindo os gritos desesperados Meus olhos saltados Querendo que eu acabasse Mas só fiquei ali parada Sentindo o silêncio que espreitava Debaixo das cobertas que nunca mais compartilhamos.

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Despedida

A árvore começa o ritual de exalação O grilos tritinam Intercalando com os ratos no telhado Minha solidão dorme ao meu lado na cama É nossa última noite. Amanhã deixo ela. Deixo ela, o cobertor frio e a carta. Não volto nem com reza brava.

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Miniconto 133* - Fonoaudiólogo

Questionou, ainda sem poder ouvir a si mesmo: — Vv-aai fi ficar, se-e-éé-quela-as, Doutor?

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Miniconto 131* - Olência

Vi Olência sair do mercado Carregando um punhado de sonho Outro de liberdade Tinha um arroxeado no olho Lembrando-a que tudo aquilo era muito caro.

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Miniconto 130* - O Bruto

O escritório era um aquário. A casa era uma jaula. A rua era selva. Por essas e outras fazia jus ao título de animal.

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Coração Assombrado

Se em uma divagação

Vagar o meu coração

Para um lugar onde

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Miniconto 129* - Esperança pascoalina

Esperou o coelhinho por horas até descobrir que ele não poderia vir porque tinha um compromisso importante com o Papai Noel.

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Miniconto 128* - Pecado da carne

Prometeu não comer carne até a sexta-feira santa, mas não pôde resistir aos encantos da Lili.

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Miniconto 127* - Pré dia da mentira

O domingo era data perfeita para justificar os quilos a mais e o excesso crônico de chocolate. Na segunda, lidaria com tudo começando a velha “nova dieta”.

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Miniconto 126* - Faro(este)

Dia após dia, os minutos passavam; machões, sujos e trôpegos, esbarrando nela com a ponta de uma faca.

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Miniconto 125* - BOLOvolência

Por mais justo que quisesse ser, a parte do bolo que cabia àquele amigo era sempre maior que dos outros.

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Miniconto 124* - Pranto

Os pingos correntes de água salgada faziam cócegas em seu rosto muitas vezes, e ela não achava nenhuma graça.

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Miniconto 123* - Sincronia feminina

Comprou aquela lingerie, aquele salto e aquele perfume. Mal sabia que ele já tinha visto tudo aquilo algumas noites antes.

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Miniconto 122* - Credibilidade

Se eu contar que sofro de uma doença crônica que faz com que eu minta a cada dez palavras, ninguém acredita.

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Miniconto 121* - A chocólatra

Terminou o namoro dentro do supermercado, para não sofrer tanto com a saudade.

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Miniconto 120* - Alcoolismo amigo

Servia-se de mais um copo por cada amigo que não tinha ido à festa.

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Miniconto 119* - Sonho de criança

Plantou o pé de feijão e rezou para que crescesse rápido. A reza enviesou e em pouco tempo começou a pedir diariamente para voltar a ser criança.

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Miniconto 118 * - Corinthians, Libertadores e Mitos.

Temente, a primeira coisa que fez ao ver o time conquistar o título foi digitar no google: teoria do fim do mundo.

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Miniconto 117* - A vida da Mulher da Vida

Sua maior frustração foi descobrir que seus diplomas de economia e administração não lhe serviram em nada na hora de dar o preço do programa.

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Miniconto 116* - Reflexo distorcido

Se perguntavam qual era o seu maior sonho, respondia com a humildade não-refletida em seu perfume importado:

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Miniconto 115* - Plano secundário

Era expert em planos estratégicos, orcamentários, táticos, operacionais e etc. Só travava quando o assunto era o plano de sua vida.

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Miniconto 114* - Declaração de amor 2.0

A luz forte do celular brilha e eu sei que, mais uma vez, é você que vem clarear a minha soturna madrugada.

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Miniconto 113* - Disfarce

Atualizou sua vida virtual com uma vontade tão grande como aquela que tinha de atualizar a si mesma. Nada estava salvo.

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Miniconto 112* - Rotina Bancária

Seus setenta e sete anos eram repletos de dinheiro na conta e flerte com o mocinho do caixa.

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Miniconto 111* - Fim de festa

Depois da bagunça serviu-se de mais um bolinho, dessa vez com o tempero especial das lágrimas. Parecia ter ficado mais amargo.

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Miniconto 110* - A prostituta

Perdia-se em tantos que, um dia, viu-se perdida em si mesma.

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Miniconto 109* - Solitude

Sua única amiga chamava-se Caixa Postal e era boa ouvinte, apesar de pouco desenvolta na fala: “Não há novas mensagens”.

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Miniconto 108* - O designer

Coloria virtualmente os desenhos, para sobreviver em sua própria vida em preto e branco.

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Miniconto 107* - Casualidade

O ponto mais alto da relação foi debaixo dos lençóis.

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Miniconto 106* - Subentendimento

Das palavras que dizia, as mais bonitas eram as que não se desprendiam do coração para chegar à boca.

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Miniconto 105* - O Domínio

Depois do casório, o único fogo no qual se embrenhou foi o do fogão a lenha.

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Miniconto 104* - Contradição

No diário, dormindo com os segredos, estava o desejo de que todo mundo os desvendasse.

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Mãos

Macias e quentes Descem e sobem Confabulam, apertam Enrolam-se Como serpentes ao som de uma flauta Provocam uma febre alta Ignoram a pauta Do que é moral ou certo Vão chegando mais perto Do objetivo incerto Que é o prazer. Enérgicas e diligentes Crescem e diminuem Escondem-se, surpreendem, diluem Como uma corrente d’água doce Que pelo corpo passeia Sem o menor pudor novelístico O propósito? Tornar real o místico. Sem emulações Negociações ou neuras Tocam o que quiserem E fazem em terra o milagre De viver nas estrelas.

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Miniconto 103 * - Dependência

Com ela, a vida era distúrbio. Sem ela, desequilíbrio. Resolveu o impasse com uma só dosagem.

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Miniconro 102* - Sorte no jogo

Foi ela a peça de dama com o qual ganhou o jogo da vida.

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Miniconto 101* - Conectividade

No leito de morte, só ele falou, e foram as últimas palavras ecoadas no quarto: — Eu também te amo.

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MIniconto 100*- Sem o' clock

Teve uma ideia para o miniconto n° 100, e foi alimentando-a com todo cuidado e carinho até TRRRRRIIIIIMMMMMMM!!!!!

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Miniconto 99* - Da fruta que ela gosta

Cinderela continuou procurando por amor, enquanto o príncipe só aumentava a oferta pelo outro par do sapato de cristal.

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Grande Mini-Dicionário da Dona Rute

Férias passadas montei com o meu sobrinho um plano maligno, que implicava em anotar todas as coisas bizarras que minha mãe (Dna Rute) fala, que fazem todos rirem loucamente. Não podia deixar isso se perder por aí, e acho que vale a pena compartilhar a primeira versão de um dicionário tão rico.

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MIniconto 98 * - Ao mestre, com amor.

Confesso que minha melhor qualidade é a maior parte de mim que odeia você.

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Máquina da Angústia

Dentro do quarto disforme, alguma coisa se agita incansavelmente, deixando o ar pesado e árido, quase impossível de inalar (antes não fosse possível…)

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Miniconto 97* - O gato comeu

Sem língua, ela nada seria, ainda que tivesse o amor de todas as etnias.

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Miniconto 96 * - Um cara de sorte

Esqueceu a fantasia de palhaço em casa, mas não foi barrado na gravação do Horário Eleitoral.

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Miniconto 95* - Amor analfabeto

A certeza do amor pelo time era tão grande quanto a incerteza na hora de escrever o nome: CURINTIA.

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Miniconto 94* - Inquisição da paixão

Iria até o inferno mil vezes sem reclamar para queimar todos os dias no fogo do homem.

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Miniconto 93* - Estratégia

Curioso, o juiz questionou à mãe o porquê do esquartejamento do filho.

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Miniconto 92* - Um romancista crack(er)

Pouquíssimos copy - pastes de célebres textos românticos foram necessários para que entrasse na mente e na rede da inocente garota.

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Miniconto 91* - Astronauta

Os olhos e o foguete saíram de órbita ao mesmo tempo.

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Um quase-conto idiota adolescente que não vale a pena ser lido (parte 2)

Hey, caros navegantes!

Estou voltando com a reforma de uma postagem já feita, na qual eu implantei uma outra continuação, estimulada pela culpa de não ter sido dedicada o suficiente quando escrevi “Um quase-conto idiota que não vale a pena ser lido”. Sem mais delongas mais longas que as demoras para postar aqui, enjoy:

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Miniconto 90* - Next!

Tinha tantos romances na internet, que implantou um F5 no próprio coração.

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Miniconto 89* - Especialidade

Enrolava o cabelo no dedo, o chiclete na boca, o vizinho charme e o marido na carne.

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Kick Ass - quebrando (toda) a sua expectativa de mais um lixo americano

Uau. Faz um tempão que não falo de filmes aqui, né? Acho que faz um tempo que não falo de nada aqui, rs, mas vamos lá.

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A Ruminante

Bocejo. Os olhos caídos, cansados Olhando pro nada, Prum pasto? Só pasto, nessa vida dura. Bocejo, Dói a mandíbula de tanto abrir a boca. Depois mastigo sei lá o quê, Com som de mnham mnham mnham. Bocejo. Mastigo. Desisto. Engulo. É mesmo, até pareço uma vaca.

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Miniconto 88* - Seguro de Vida

Foi um golpe bem dado no estômago. Deixou rica a família toda.

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Miniconto 87* - Tecnologia e Pensamento

Teve ideias geniais sobre o comportamento das pessoas. Todas elas já expostas no Orkut em comunidades com mais de 15 mil membros.

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Miniconto 86 * - Entrelinhas

Ousada como nunca fora, sugeriu que juntassem os panos. O sorriso que obteve como resposta amarelou qualquer fio de esperança.

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Lixos de uma quase sexta-feira

Faz tempo que eu não tenho tempo. E o pouco tempo que me sobrou nesse final de quinta-feira eu estou usando pra falar de algo que não interessa nem a você, e acho que nem a mim. Algo que eu nem sei o que é, e que só escrevo pelo prazer do barulhinho das teclas no ecoando pelo quarto, junto com o zum zum zum do meu cooler. Há tanto para dizer e tão pouco pra escrever. Só coisas assim: sem muito sentido, como essa frase. Insisto em continuar com o barulhinho: Posso dizer que moro há 13 anos num bairro que, finalmente, foi asfaltado hoje. (Que vergonha, Brasil!) Hoje a noite estava absurdamente linda e isso, infelizmente, não combinava nem um pouco com o meu humor cansado. Estou cansada de usar aparelho. Ando reclamando tanto para mim mesma sobre todas as coisas, que já não me agüento. Nessas que eu realmente desejo ser Bipolar, como os outros costumam dizer que sou. Nos últimos dias, cogitei a possibilidade de usar salto, hipótese que foi temporariamente descartada, já que isso não só aumenta o meu potencial de desequilíbrio, mas também não acrescenta nada no meu andar deselegante. Antes de ligar o computador para escrever esse post inútil, pelo menos umas 15 coisas diferentes passaram pela minha cabeça, e sumiram no segundo seguinte. Preciso de um gravador, e isso foi a única coisa que descobri nesse bla bla bla todo, que ninguém, nem o Google Reader, quer saber. Além de, é claro, constatar que, realmente, eu não acho bacana posts autobiográficos. PS: Já já volto com os meus minicontos.

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Miniconto 85* - Masoquista

Juiz de si mesmo, depois de cada pulso mutilado, a sentença era a mesma: culpado.

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Miniconto 84* - Simplicidade da morte

Nos últimos instantes, sob o olhar do filho desesperado, só teve tempo dizer três palavras: - Eu vou morrer.

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Domingo de Páscoa

Assim que ela fechou os olhos, ele trouxe a caixa à frente do corpo, ajeitou um sorriso superbranco no rosto e disse :

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Miniconto 83* - Destino?

Quase 13 anos depois do primeiro beijo, a espera pelo casamento terminou no dia 1º de Abril. Ninguém dentro da igreja conseguia consolá-la.

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Miniconto 82* - Comunicado

Era o comentarista mais assíduo do blog da namorada, até o dia em que ela postou o pequeno texto com o título “Finalmente, estou solteira”.

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Miniconto 81* - Por que não eu ?

Depois de muitos anos sofrendo com a castidade, aceitou ser qualquer uma, já que esse era o único jeito pelo qual ele poderia desejá-la.

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Máquina de charme

Estava se achando.

A blusinha colada no corpo, com aqueles detalhes rendados que levavam qualquer olhar até seu colo, sem espaço, coitado, de tanto os seios pularem.

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Miniconto ... - Oito ou 80*

Pelo amor ou pela dor… — Deixa para a gente tentar amanhã de novo, por favor!

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Miniconto 79* - Passando a borracha

Trancou toda a casa e incendiou tudo que lembrava a ex-mulher, inclusive o filho, pelo qual lamentou até o último minuto antes de atirar na própria boca.

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Sua filha que se chama Ideia

Li um post no twitter hoje: “como concretizar a criatividade?”, e fiquei me perguntando como pode uma pergunta que está na sua cabeça há dias ser proferida pela boca – no caso, pela timeline – de outra pessoa? Putsgrila, quando você acha que tem a ideia mais incrível do universo (alguém acha isso?), um santo criativo vai lá e pimba! Transforma a sua genialidade em uma cópia muxuruca. Às vezes, eu acho mesmo que, assim como as ondas sonoras estão passando por nós sem que possamos vê-las, os pensamentos também trafegam pelo ar e – para o azar de muitos publicitários, por exemplo – entram na cabeça de alguém alheio, ou pior: alguém do seu lado. Ok, você vai pensar que isso que eu estou dizendo é uma viajem (mais que as das ondas sonoras), que eu provavelmente bebi antes de escrever esse post, ou coisa assim. Bingo! Para a primeira hipótese. Dizem que viajar faz bem. Pois então, o que eu quero dizer com esse blá blá blá não é blá blá blá: nesse mundo com tantas cabeças pensantes, é importante que sejamos como nossa mãe assim que nos deu à luz: saiu contando para todo o universo que tinha criado algo novo. Imagina se ela tivesse escondido a novidade? Que graça teríamos nós? Saca qual é?**Uma ideia é como um filho: tem que ser posto para fora de qualquer jeito.**Esconder uma ideia é ir contra a natureza humana. Viu como é filosófico? Mas não é para ser filosófico, é para ser prático. Escrevo isso não só para todos que lerão esse post algum dia, mas também para mim mesma, que – como qualquer criativo – sempre estou grávida. E, muitas vezes, parto uns bichos esquisitos, feinhos, tipo E.T. mesmo. E, enquanto o meu lado anjinho diz “Assume que o filho é teu”, o diabinho cutuca “Isso não serve para nada”. Serve. Sempre serve. Mesmo que só para lotar a lixeira do seu PC.A única serventia que tem uma ideia guardada, é ser agonia de não ter dito nada. #etenhodito __________ Gessica Borges é publicitária em formação, leitora por vocação, escritora em construção e criativa em constante contradição: tem um montão de idéias guardadas.

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Miniconto 78* - Buquê eterno

Diariamente sentava-se ali, com as flores firmemente presas aos braços, esperando que qualquer mulher que se chamasse Luana Cervantes da Rocha pudesse aceitá-las.

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Miniconto 77* - Fone do Paraguay

Esgoelava-se o dia inteiro num ambiente de trabalho sujo e pequeno. Consolava-o fato de que em 3 semanas estaria aposentado e livre daquele pavilhão.

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Miniconto 76* - Fantoche do amor

Nas costas, a única coisa que a prendia ao seu amado: os cordões de controle da marionete.

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Miniconto 75* - Duendes

Não acreditava em duendes do amor até o dia em que se apaixonou por um anão.

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Estranhamento

Mais um delírio literário que volta no tempo, que tenta entender o que é esse tal negócio de “crescer”. Dizem que uma hora isso para, mas eu acho que vamos ter que crescer até quando já formos velhos, porque algumas coisas são eternamente incompreensíveis, até para a suposta maturidade.

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Miniconto 74* - Ditado Mal-dito

“Viva cada dia como se fosse o último” era o que lhe diziam sem saber o quanto ansiava por isso.

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Miniconto 73* - Combinação Perfeita

Encheu a cara, entrou no carro, acelerou … e virou cinzas na quarta-feira depois do Carnaval.

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Miniconto 71* - Golpe da Sorte

Depois da 1º vitória, tatuou o símbolo da Escola no peito, uma dor que suportou junto com os 47 anos seguintes de puro fracasso.

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Miniconto 70* - O Máscara

No meio da micareta, encontrou um cara inteligente, honesto e romântico. Só após 5 anos descobriu que era tudo máscara de carnaval.

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Miniconto 69* - Fantasias

Embelezou-se, perfumou-se e fantasiou-se de bombeira safada, mas não salvou ninguém.

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Miniconto 68* - Catalepsia

Caiu na folia do carnaval e só levantou na agonia do funeral.

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Miniconto 67* - Desmatamento

Tentou de tantas formas deixar o cabelo liso que, após alguns anos, o que ficou lisa foi a cabeça.

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O Crachá

Quarta, dia de revê-la. Será que isso continuará depois das férias?

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Miniconto 66* - Quando o coração adolesce ...

Com um sorriso amarelo, enfrentava o fim com a bravura de uma garota de 15 anos: ouvia a música tema do namoro só cinco vezes ao dia.

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1 Ano de Blog! + Miniconto 65* - Sem Nome.

Aniversário do Blog! E eu só me lembrei agora, já terminando o dia. Desde 27 de janeiro de 2009 pra cá, pensei em sei lá quantas coisas para escrever nesse dia tão especial para o Blogger, que manteve mais uma cliente. Mas aí, veio uma coisa chamada “férias” que estragou com os meus planos! Não posso escrever nada melhor que “Ye Pá, pra você, muitos posts de vida, com alguma integridade” Amém. Provavelmente, quando acabar o fusuê da temporada e começar o balance da rotina, voltarei com novos assuntos, minicontos e mimimis, espero que esse último em pouca quantidade. Para finalizar, digo que foi realmente uma ótima decisão criar essa página aqui, não só como forma de expressão, mas também como forma de trocar informações com outros pensadores blogueiros. Vale a pena pra qualquer um que tenha algo curioso, interessante, engraçado, emocionante e – por que não? – maluco para dizer. Fica a dica. E, para não perder o fio de lucidez e ordem, lá vai o miniconto 65* pra adoçar o blog: Um grande jogador de futebol. Não. Mais poético: um escritor famoso. Isso, é claro, se a mãe não tivesse conhecido o tal Citotec.

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Miniconto 64* - Robô

Quando aprendeu a conjugar o verbo amar, ainda não sabia que nunca o conheceria na 1° pessoa do singular.

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Miniconto 63* - Negro Mito

Beijou-a. Acariciou-a. Despiu-a: o mito do “pretinho milagroso” revelou-se. Broxou-se.

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Denúncia

À tinta, às pessoas insensatas e aos bêbados, permanecia. Dura como ferro, apesar de acabada. (coitada!) A beleza há tempos já não era a mesma: O rosto desbotado e humilhado, O tronco envergado pelo tempo E pelo vento? Ah, o tempo! Sempre tão inconstante e cruel De repente, escurecia e o céu e aí, haja força! O sopro furioso da Coisa Que balançava as estruturas (por isso a envergadura!) Por isso a descompostura. Já sem identidade, Borrada pela liberdade de expressão (mas e a educação?) Não existia. Só tinha a total falta de respeito Pela velha placa Fixada na avenida, esquecida pelos carros indo e vindo A tudo e a todos resistindo, Ironicamente implacável.

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Miniconto 62* - Destinatário fantasma

Na caixinha cuidadosamente guardada, estavam os selos: todos os lugares e formas pelos quais passou a sua solidão.

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Horizonte

Um dia, eis que acharei um canto para a dor, Há de haver um porto para tanto amor Que me traz você, assim…faceiro. Você, que me mata aos poucos de fervor e agonia Esgotando-me num suor frio e delirante Percorrendo meu corpo com essas mãos macias Braços sadios, pernas falantes. Esse sussurrar de poesias, Com um sorriso quente, que derrete a alma. Ah, um dia, hei de respirar essa sua calma Tão segura de si. Um dia, hei de te abraçar sem estremecer Hei de te olhar sem enrubescer Poderei falar, sem falhar, que te amei. Ah! Um dia, Emanciparei dessa fantasia.

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Miniconto 60* - Diário Cotidiano

Escrevia um microconto a cada 24 horas, destacando-o dos que em cada suspiro de seu dia, jaziam.

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O meu 2009 e que 2010 seja 10 (?!)

Todo ano é a mesma coisa: fim de ano, renovação, e blá blá blá vida nova .. Ei! Vida nova? A minha já tem 19 anos!!! *suspiro*

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O fragmento de prosa poética usurpado pelo "Texto Fantasma"

Se você ler o post anterior a este, vai descobrir que acabei me dedicando a escrever sobre a dificuldade de escrever, do que ao que queria realmente escrever. (confuso, assim mesmo :P) Posto abaixo um pedaço do que estava tentando redigir, é como o making of do conto Texto Fantasma.

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Texto Fantasma

00:15

Mais uma vez, o cursor piscava desesperadamente na tela do computador. A música de fundo sorria da cena deprimente: “Just a little patience…”. O copo de café pela metade, as mãos juntas num ritual desconhecido, o olhar distante: meio cansado, meio viajante.

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Miniconto Z - Amor animal

Zelava pela zebra como que por uma filha. Zuavam:— Zoófilo nada! É zureta mesmo! Zangado, da centésima segunda zona, zarpou.

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Miniconto X - Irmandade

— Xará, minha mana é xarope! Fez mó xabú por causa da xérox. — Você que é xarope! E se fosse xixi no seu Xbox? — Shhhhhhhhhhhhhh!!!

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Miniconto V - Sem volta

Velha, vacilante e vagarosa, nem com Viagra a vulva tinha valor.

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Miniconto U - Use camisinha

Fora do útero, ele urrou, urinou, ululou e acabou com a universal utopia maternal.

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Miniconto T - É a tentação!

Um tabefe tolerou. Com uma tacada, titubeou. Até tourada tomou, mas o tarado, teimoso (tinhoso!) só com tiro, tombou.

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Miniconto S - Machismo

Saciado, foi da sincronia à soberania em um segundo. — Safado.

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Miniconto R - Religião

Rodou no rala-coxa e no rale e rola até raiar. Depois rezou e tudo resolveu.

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Miniconto Q - Eles só pensam naquilo...

O quadrúpede quebrou a química quando questionou a qualidade do beijo. — Mas era do queijo!

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Miniconto P - O Romântico

Penou para provar amor à Paula. Perdendo a paciência, por fim pegou-a como era: prostituta.

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Miniconto O - Bodas de Lata

Ostentava o objeto com a obsessão de um onipotente. Olga, ofendida, obliterava a obscuridade do marido.

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Miniconto M - Passe de Mágica

Meio dia murmurava maldições às suas malcriações. Meia noite mimava-o mais e mais. Magia? Não. MÃE.

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Miniconto L - "Loira"

Na lábia laçava a lady. Linda, lesada e, logo, lascada.

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Miniconto J - Joguinho

Já exausta, Jamila jogou a jaqueta e o jeans pro ar, dobrou os joelhos e jurou jamais judiar de Jonas novamente. Juntaram-se.

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Miniconto I - Adoração

No céu, a Irmã Imaculada ignorava a identidade ilegitimamente içada pela iconoclastia. Inevitavelmente, imergia.

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Miniconto H - Era uma vez ...

Há eras, harmonia. Hoje, a humanidade de uma hegemonia hedionda.

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Miniconto G - Desvio de Conduta

Gustavo, garboso, ganhou um grande galo galanteando o galego.

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Miniconto F - Ditado

— Força! Força! Força!!! — *fail* Falar é fácil.

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Miniconto E - Ledo Engano

Estela esmerava-se entre os esbeltos, esperando não espantá-los. Enganava-se.

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Miniconto D - Dor do Parto

— Duda do Diabo! — ? — Desceu só depois de dez dedos de dilatação!

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Miniconto C - Ciúmes

Começou caçando Cátia casualmente. Constantemente. Cegamente!

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Miniconto B - Vivas ao Monoteísmo

Baco, bêbado, berrou bobeiras bipolares, broxando o bacanal.

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Miniconto A - ASAr

Absurdamente azarado, assando asas de aves, asfixiou-se.

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A série "Minicontos de A-Z"

Me empolguei com isso de escrever coisas coerentes com palavras começadas com a mesma letra. (ahn??!). Daí ontem me deu a louca e eu escrevi uns minicontos, da letra A até a G, com (quase) todas as palavras começando com a “letra do dia”. Serão 23 deles, porque eu descartei as letras K, W, Y, é claro. (tente você escrever uma mini-história coerente com palavras que comecem com essas letras… é maçante! Aí perde o espírito da coisa).

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Miniconto 59* - Efeito da batida

Depois de tantas bebidas curtiu a animação, a tontura e ressaca. O amor perdera com uma só batida no último carnaval.

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A Proposta

— Casar? — Casar. — Só com casa. — Casa? — Pra casar. — Se casar, vai coser? — Casualmente. — Sua coisa.. — Coisa? — … — Assim não caso. — Ah…!. casa…? — Caso. Se.. — Que coisa? — A casa. — Cozinhar? — Caso sério… — Cacete! Coisa nenhuma? — Uma coisa. — ? — C* — Casaremos. — Com casa? — Com tudo!

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Branquitude

A mãe o encontrou mergulhado na bacia de água sanitária. Desesperada, tratou logo de puxá-lo de qualquer jeito para fora d’água. Foi difícil. O garoto esperneava, chorava e se jogava de novo e de novo na bacia, reclamando aos gritos que ainda não dera tempo de ficar branco e limpo como tinha prometido aos ídolos mirins da escola.

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Miniconto 58* - Preço da (M-S)orte

O gato queria ser o porco, só pra não precisar tomar banho. Na vida seguinte, assim nasceu e, de tão limpinho, foi o primeiro a ser abatido.

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Miniconto 57* - Solução Viciante

Chocolate sempre foi a solução. Resolveu seu pior sofrimento morrendo de insuficiência respiratória logo após completar 255 quilos.

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Miniconto 56* - Vida difícil

Negro…pardo…bege…branco. As mudanças na foto digital da identidade representavam sua própria integridade, que só com o tempo ficava clara.

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Microconto 55* - Ninguém é santo

Não gostava de celebrar a missa de domingo. Tantos fiéis só diminuíam a sobra do vinho ao final da comunhão.

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Carta de uma jovem velha

Não sei se poder inconsciente de um livro, ou fato consciente da vida, hoje descobri: sinto-me uma velha. Dessas que viveram à toda atrás de um amor, ainda que aqueles de verão. Invejo quem pode se apaixonar, sem vergonha do colorido das palavras, do sustenido do coração… tão óbvio, tão adolescente. Um coração quente que não se pode gelar, nem pela morte. Sinto-me uma velha ao observar o comportamento dessas crianças, sempre radiantes, combinando com os dias intermináveis de sol . Enquanto eu, aqui, sentada a olhar as nuvens sem forma, o ar denso e triste, os passos apressados dos corações descompassados de tanto amor. Meio século se passou desde o primeiro beijo apaixonado, e nada é como se fosse ontem, mas sim como um futuro do passado. Assim: tão trágico e sem esperança. Sinto-me uma velha com esses olhos insóbrios de tanto esperar. Uma velha escondida entre os tantos romances avassaladores e eternos. Aqui, sentada, regando com esforço o hedonismo nas madrugadas de saudade.

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Miniconto 54* - O Escritor

Apertava furiosa e diariamente a caneta em dezenas de papéis, sentindo enorme prazer em ver a tinta que preenchia o branco que era sua própria vida.

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Novo Banner / Logo

Ye Pá. Escolhi este nome para o meu primeiro blog. Quem saberia dizer o que isso significa? Acho que ninguém. Pois bem, esse é o nome da “deusa da criação”em culturas indígenas.

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Miniconto 53* - Erro

Sempre fazia careta ao se olhar no espelho, sem conseguir admitir o rosto naturalmente distorcido depois do acidente que foi seu nascimento.

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Miniconto 52* - Identificação

Olhava o céu noite após noite, reparando sempre na estrela mais ofuscada, enquanto compadecia de sua própria omissão social.

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Miniconto 51* - Flagelo

A família era boa. O único malandro se autojustificava: algo tinha dado errado com a propensão genética para a solidariedade.

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Miniconto 50* - Identificação

Enquanto lia os versos mergulhados em amor da poeta triste, pensava que, se me dado fosse esse direito, teria lhe desposado. Se me dado fosse esse direito.

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Você conhece o Profeta Gentileza?

Quase ninguém sabe, mas existiu um homem brasileiro que profetizava gentileza. E de graça! Não, não tem nada a ver com Inri Christi. ( ¬¬) Sim, ele provavelmente era maluco. Deixou de lado a administração de uma empresa de distribuição e, depois de ter ouvido uma “mensagem divina”, ajudou vítimas de um circo que pegou fogo em Niterói - RJ e saiu por aí falando de harmonia e amor.Vai entender! Conheci o cara numa música da Marisa Monte, “Gentileza” ( para ver no youtube, clique aqui), e quando percebi… já estava envolvida na história dele.

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Miniconto 49* - Falsa Privacidade

— Nem acredito! Você não toma banho há dois dias! Pedrinho engoliu a bronca da mãe, agradecendo ser por celular. Do outro lado da linha, todos no elevador riam do menino.

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Miniconto 48* - Ferramentas

Tinha três ferramentas que gostava muito: a almofada, a esposa e a filha da vizinha. A vantagem é que elas ficavam bem silenciosas enquanto ele fazia o serviço.

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Miniconto 47* - Antes do choro

Na margem do rio Piedra, ele sentou … e bebeu. A água não era limpa, mas naquela época de seca, até urina era milagre.

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Miniconto 46* - Cautela

Queria um homem que fosse tanto generoso quanto cauteloso, o suficiente pra não deixar marcas visíveis depois de uma noite masoquista.

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O que realmente importa?

Apesar do título aparentemente “polêmico” o poema abaixo não trata de nada político, também não diria que social. Na verdade, não sei do que o poema abaixo se trata, já que foi escrito em 10 minutos numa sala de aula muito barulhenta. Eu tinha 16 anos e estava realmente entediada com a aula, aí peguei um papel qualquer e fui “telepatiando” o que vinha na cabeça. Saiu isso aí. ______ O que realmente importa? A beleza meio morta? Ela entra em sua porta? Ela chove na sua horta? O que realmente importa? A paixão incandescente? O que o seu coração sente? Quem você quer de presente? O que realmente importa? Você está apaixonado? Pela vida ou por um lado? Só o lado comentado … Quem te invade a porta? A beleza de não ser morta? A alegria mórbida? O conformismo importa? O que é ser belo? O cabelo? O camelo? Seu espelho te reconhece? Me confessa a sua prece! O pé feio Nariz no meio Da cara murcha Parece a Xuxa Cara de bruxa! A Keka A Cuca A Luka “To nem aí!” O que realmente importa? Você não me suporta? Eu passo na sua porta? Eu nasço na sua horta? Cara de cú Bunda de cara Torta na cara! A cara torta … O que realmente importa? O meu conceito? O seu direito? Você não gosta? Cianureto.

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Miniconto 45* - Advogar

O louco talvez pudesse dizer que estava brincando de Lobo Mau, se não estivesse comendo a Chapéuzinho ao invés da vovó na hora do flagrante.

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Miniconto 44* - Reconhecimento

Depois de muito orar, refletir e clamar, a freira decidiu: 02 de novembro, dia de conhecer a Deus pessoalmente.

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Miniconto 43* - Lucrocular

Tinha sempre o colírio consigo. Problema nenhum com a visão, é que a mesada sempre aumentava quando ela o usava.

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O que a gente faz?

E quando a gente fica assim, como se diz? sentimental demais? Não, eu devo ser menos poética: e quando a gente fica assim..idiota? Sim sim … aqueles velhos sintomas: escutar a mesma música melódica por horas seguidas (que te faz chorar no refrão), tentar escrever algo que alivie o que você sente (na esperança de que alguém leia e sinta o mínimo de compaixão por você [ohh, que triste!]), ou só ficar de olhos fechados olhando pro escuro psicodélico.. forçando releases dos momentos mais marcantes da sua vida. E quando a gente fica assim …idiota? O que a gente faz?Esquecemos o conteúdo intelectual que temos e fazemos joguinhos com as palavras e dizemos nas entrelinhas o que (obviamente) só nós iremos entender? E quando a gente fica assim, idiota, pra quem a gente escreve, Idiota? Talvez eu tenha descoberto a utilidade de uma personalidade dupla: suportar a agonia, desesperança e ilusão de nós mesmos, nesses dias que a gente fica assim..idiota. Quem fica? Idiota! Você fica. Você quem? Eu? Quem de mim sou eu? Quem de mim sou eu AGORA? No final das contas, o diálogo entre eu e eu mesma não é apenas um monólogo? Sozinha … Nem o maior romancista do universo poderia considerar esse texto uma discussão filosófica. Até o mais ignorante dos seres identifica aqui, nessas linhas tortas e inelegíveis, o que é (foi e vai ser) a maior frustração humana. Afinal, quem não ama? Wergeland, Novalis e Goethe me entenderiam. Estou certa de que mais do que qualquer um dos meus “Eus”.

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Perspectivas 1

Para o aspirador de pó, o vento é lixo.

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Perspectivas 2

Para os grãos de areia do deserto, o vento é deus.

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Miniconto 42* - História de cinema

Na sessão, vendo o galã cortejar a esnobe bonitona de meia-idade, a senhora lamenta. Se tivesse tido uma oportunidade assim, não seria mais virgem.

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Miniconto 41* - Conto de fadas (des)encantado

O encantamento dera errado, a Bela Adormecida dormiu por tanto tempo, que quando o príncipe foi beija-la já era feia e enrugada. Sonhou com ele eternamente.

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Miniconto 40* - Teia mágica

Antes, era a conexão com os colegas da New York University, e apenas ali. Depois virou a Word Wide Web.

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Marcelo Tas: A Experiência

Minha mãe diz até hoje: “quem não arrisca, não petisca.” E essa frase não podia ter sentido mais literal do que foi comigo ontem. Ok, esse post será uma página de diário. Não que eu vá fazer isso sempre.. quem é o tolo que faz do seu blog um diário? Ontem conheci Marcelo Tas. Ahh, deveria começar com algo mais instigante né? Narrar uma história pra falar o maior acontecimento só no final? … pois é, farei diferente dess vez. Começo dizendo que: Ontem conheci Marcelo Tas. Aquele mesmo.. professor Tibúrcio, Telekid ou simplesmente o Tas do CQC. E foi uma das experiências mais bacanas (e mudas) que eu já vivi. Ninguém sabe que eu entrei de penetra na palestra dele, né? Que meu nome não estava em lista alguma para assistir ao 3º Fórum Profissão ao Vivo na Univ. Anhembi Morumbi da Vila Olímpia. Mas, por sorte (e ousadia) eu consegui uma credencial e fiquei lá, de frente pra ele no auditório, com uma cara de besta enquanto ele falava (distinta e didaticamente) sobre as novas tecnologias de comunicação, a evolução da redes, a explosão de informações nos últimos anos com relação ao que existia antes da era digital, Alec Reeves ( muito nerd) e mais … e mais… e mais … um monte de coisa que a gente não sabe sobre o que vivemos. Uma porção de segredinhos que muitos desconhecem sobre o grupo que – agora, com essa Senhora Internet – todos fazemos parte. Interessantíssimo. É claro que não conseguirei passar tudo o que aprendi aqui, e nem tentaria, se eu o fizesse, quem iria querer contratar o cara ? Ora ora … deixe pra esse tal de Tristão ( futuro mito?) a tarefa de repassar as velhas novidades, como já faz há décadas. Décadas! Quem diria … em plena forma ( sintam-se à vontade pra especular qual forma), o cara é mesmo o atual símbolo sexual nerd do Brasil. E quando perguntado sobre como se sente com isso, responde, na modéstia disfarçada mais fofinha do mundo: “Me sinto assim um …. aaaahn …. Tchuqui Tchuqui!!” É claro que eu não consegui perguntar nada mais inteligente que isso, fiz o papel da completa pateta que espera todo mundo tirar foto, pegar autógrafo, pedir vaga para o oitavo CQC, beijar a careca dele e tudo o mais .. só pra ficar observando o cara ser simpaticíssimo e atencioso com todo mundo. E ter os sonhos mais esquisitos com isso, além de formular um post aqui no blog, no dia seguinte, pra guardar digitalmente a lembrança. Valeu. Pela excelente palestra, pelo delicioso coffee break, pela magnífica paciência do Tas comigo todos e pela “lembrança analógica de uma palestra digital”, além da foto sexy, é claro.Palestra “Inovação: A criatividade na era digital” com Marcelo Tas. UHULLL o/

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Miniconto 40* - Pré-Campanha

Todo santo dia se lamentava. Por que as barras de apoio do ônibus eram tão altas? Afinal, parecia que todos ali abominavam um desodorante.

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Um quase-melodrama sobre a amizade

Tantas pessoas já dedicaram tanto tempo de suas vidas tentando definir a amizade! Sim, isso é quase um lamento caros leitores, porque é muito, realmente muito complicado expressar em palavras, gestos, músicas, filmes, etc … a relação entre verdadeiros amigos. Não me isento desta condição de pensadora , eu mesma já escrevi poemas para quase todos os meus amigos. É claro, nenhum deles ficou realmente bom, digo até que esta série “Poemas para Amigos” foi a pior que já fiz. Porque, mesmo que usasse as palavras mais bonitas e descrevesse belamente os momentos íntimos que tive com cada um deles, nada seria suficiente pra tratá-los com tamanha grandeza da qual eu sempre fui tratada pelos que prezo. Lá vamos nós de novo, a caminho de mais um texto melodramático sobre a importância da amizade, a singular relação com uma pessoa que está do seu lado pra tudo e blá blá blá … Não vamos, não. Eu realmente ficaria horas por aqui se tivesse que falar desse assunto. Tantas águas claras e tantas tavernas, tantas fantasias e realizações e tantas outras privações eu passei, que nem mais sei o que dizer sobre isso. Isso. O ser amigo: fiéis, volúveis, rancorosos, ignorantes, amáveis, compreensivos, inteligíveis, misteriosos, instáveis e permanentes. Tenho todos eles. E sou muito (muito mesmo), grata por isso. Abaixo, três pensamentos sobre a amizade que eu postei no meu twitter no Dia do Amigo (20 de Julho, provável potência comercial nos próximos anos ¬¬) No meio da noite você lembra dele, sorri com isso e volta a dormir com uma inexplicável sensação de alívio pela sua existência. Provavelmente não vai poder te ajudar em porra nenhuma quando alguém próximo da sua família morrer, mas vai estar por ali. Óh. É claro que vai insistir pra dormir no colchão quando for pra sua casa. Puta psicologia inversa. E de manhã ainda pisa em você.

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Miniconto 39* - Rima Negra

E quando pulou na frente do trem, um segundo antes da morte, desejou poder de desaparecer em um golpe de sorte.

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Miniconto 38* - Nostalgia

Com 68 anos fez a última tatuagem, uma caixinha de presente na virilha para o maridão, que (há tempos sabia) não conseguiria abri-la.

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Miniconto 37* - Confissão

Então a quarentona teve que confessar na promoção do desconto proporcional à idade: tinha 52.

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Miniconto 36* - O Grande Camaleão

Era o mais camuflado ao muro acinzentado da grande avenida, e melhor: seus olhos verdes combinavam com o musgo, que dava um toque especial à moradia.

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Metamorfose

Acordei domingo Flutuava, indo No reflexo solar da água cristalina Menina, eu, laranja listrada, pintada Sorrindo, pra quê? Pro nada, nada me fazia parar. Colorido mágico Como é linda a vida aí em cima vista do prisma aqui de baixo! Tá bom demais ser isso aqui, Eu Peixe-palhaço.

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Tricampeonato Corinthiano e (fim da) Era do Gelo

Se toda vez que eu sumir por uns dias aqui do blog, tiver que explicar o porquê, danou-se. Portanto é legal ressaltar que os motivos são sempre os mesmos: preguiça de escrever (que vergonha!), falta de criatividade para escrever algo com conteúdo ou muita falta de tempo para escrever algo com conteúdo. Algumas vezes, acontece de a web não funcionar, meu PC resolver desligar sozinho e só ligar três dias depois, eu me esquecer que tenho um blog, ou coisas do tipo… fazer o quê! Isso vai continuar acontecendo enquanto esta página aqui continuar no anonimato, servindo mais como válvula de escape do que qualquer outra coisa. Prontofalei. Corinthiana roxa que sou, não podia deixar de comentar (e deixar guardado aqui, pra futuras lembranças) a grande vitória do Timão ontem contra o – grande – Internacional. Tricampeão da Copa do Brasil!Apesar de todas as confusões, intrigas inerentes em final de campeonato, especulações sobre a saúde mental de alguns jogadores e mais, a final valeu a pena pra nós, “loucos por ti corinthians”. A torcida estava linda e o time entrosado ( falou a especialista!), o que de fato tornou a vitória muito mais saborosa. Me irrita um pouco a atenção voltada para a estrela Ronaldo, como se o André Santos, Dentinho, William e os outros jogadores não fossem parte integral da maravilhosa campanha que o Corinthians vem fazendo desde o final do ano passado. Certo, o Fenômeno não tem esse apelido à toa, é inegável o seu talento e contribuição para o time mas, será que não dá para distribuir o mérito justamente? Hmmm, talvez não. Ok, então bola pra frente rumo à Libertadores no ano de centenário do Timão. Piadinhas à parte, a Nação Corinthiana espera há um século esse título. Ok, um século não, pois a Libertadores só nasceu na década de 60. Como não poderia deixar de ser, preciso falar: É bom demais ser corinthiana, meu Deus!!! Mudando de assunto, só deixar cravado aqui também a minha pequena indignação com o filme Ice Age: Dawn od Dinosaurs (A Era do Gelo 3). É claro que os efeitos são muito bons, 3D tem tudo a ver com dinossauros (rugidas, posições ameaçadoras e todo aquele esquema feito pra gerar a sensação de que podemos ser engolidos a qualquer momento que, algumas vezes, realmente fez o coração pular um pouco), mas o roteiro foi enfraquecendo.O primeiro filme foi massa, o segundo foi bacaninha, o terceiro eu consegui dormir sem remorso na sala. (Foram só umas piscadinhas, suficientes pra perceber o quão chata a história estava). Somente uma cena é realmente engraçada, as piadas do bicho-preguiça Sid estão cada vez mais infantis e nordestinas (será que o próprio diretor brasileiro Carlos Saldanha que escreveu as falas?). Alguns dirão: “Tá, o filme é focado em crianças, você esperava piadas sexuais?”. Claro que não. Mas, no mínimo, um pouco mais inteligentes, e vale destacar que, a sala ontem tinha muito mais adultos do que crianças. O que salvou foi o novo personagem Buck, que arrancou algumas risadas com as caras e bocas que faz e também a “incrível jornada” do esquilo Scrat atrás da noz, apesar de começar a ficar saturada, a subaventura – dessa vez com uma pitada de romance - continua divertida. Pela experiência 3D, a obra vale a pena, mas pra quem está esperando rolar de rir no cinema, eu aconselho que assistam o novo Transformers, que – por vários motivos – está bem engraçado. Mas isso é papo pra outra impressão cinematográfica, que provavelmente só vai acontecer no próximo dia 16, quando eu já tiver saído da estréia de Harry Potter e Enigma do Príncipe (vício maldito :P)

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Miniconto 35* - Colheita

A expressão “fruto do trabalho” só significava a adição de uma maça na mísera marmita diária.

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Um quase-conto idiota adolescente que não vale a pena ser lido

Prometeu não exercitar lembranças do bendito, mas a cabeça fazia questão em ser uma parte separada do corpo. Aquelas aulas de ciências! “O corpo humano é constituído por três partes principais: o tronco, os membros e a cabeça.” Por que não junta tudo numa coisa só? Não entendia onde entrava o pescoço neste conceito, mas que diferença fazia? Se pudesse simplesmente deixa-lo de lado (ela morreria?), como a ex-professora fazia na escola, talvez pudesse se ver livre da maldita tatuagem atrás da orelha, que quase parecia uma escarificação: pesada, irremediável…eterna. Ugh. Eterna.

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Miniconto 34* - Milagre

Na festa de São João, peões e patrões igualam-se em meio à diversão. Havia bebida suficiente pra que ninguém lembrasse disso no dia seguinte.

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Depoimento

Sonhou por semanas com o sujeito. Daqueles sonhos forçados pelo pensamento constante, e quando acordava, era atacada pela frustração de voltar à realidade, somada com o espírito preguiçoso de ter que viver, sem ele. Quem se importa? A cada passo da rotina, procurava o olhar que (lá no fundo, sabia) nunca mais poderia desfrutar. Nenhum indício de sua presença poderia amenizar a dor da ausência. Até um pequeno pedaço de pano estampado com aquelas manchinhas, trazia à tona a sentença tão dolorosa: há muito tempo já não era sua companheira e amiga. E vice-versa. Agora, sua mais fiel companheira era a saudade. Não sabia se era mágica (das mais macabras), ou apenas força do pensamento (ela não era cética à isso?), acontece que o encontrava sempre que, quando andando distraída, seu pensamento chamava inconscientemente – e calorosamente - o nome. Era assim mesmo, como convocar com varinha mágica, ou teletransportar com a mente: só um nome e, shaaazaaan! Ele aparecia. Falar em “magia do amor” quase soava cômico perante o instante de angústia. A reação era sempre a mesma: com o pulo do coração, as mãos se moviam num movimento de aceno enquanto os lábios se levantavam num sorriso, que frustrado, esperava que o outro lhe espelhasse. Enquanto isso, a mente, com a ajuda dos olhos levemente distantes (será que ele perceberia?), captava o máximo possível da cena, que seria repassada pelas noites seguintes. Afinal, os olhos não mentem, não é mesmo? Presa ao histórico da vida meio esquizofrênica que tinha com o dito cujo, espantava a vontade de ter qualquer contato mais próximo, pois tinha medo do que poderia fazer quando o a corrente elétrica do corpo do indivíduo a alcançasse. Lembrava vagamente das conseqüências desse contato, já que seu cérebro insistia em guardar apenas a sensação dos toques, mas ainda assim, estava certa que era preferível que evitasse. Hora após hora de um mês, ano após ano das cinco décadas seguintes, a pobre mulher repetia a cena. Sempre que o via, e sempre que deitava a cabeça nas películas do cinema que se tornava o seu quarto à noite.

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Miniconto 33* - Conselho de Pai

O pai já avisara: viraria as costas quando os amassos no sofá se tornassem amassos no rosto delicado da filha. Sofria calada, então.

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Ensandecer

Quarta feira, vinte e três horas e quarenta e cinco minutos de uma noite gelada em São Paulo. Sentadas nos bancos frios, as pessoas se recostam em seu espaço como podem, ou acotovelam-se no corredor cheio de mochilas e pastas. Estudantes, na certa. Eu também. Transporte público não é muito divertido, principalmente quando você está perto de desabar de sono ou cansaço, depois da batalha diária. Mas, naquele dia, ao menos alguma coisa aconteceu. Alguma coisa que despertou alguns da sonolência, irritando-os. A mim, apenas divertindo. Até que enfim. Sentado no banco do motorista, o homem inquieto apertava cada vez mais o fone no ouvido, talvez na esperança que pudesse fazer parte do universo que ouvia; então, durante as manobras nas curvas molhadas pelas quais direcionava o ônibus, ele gritava, num surto de emoção visível em seus olhos repentinamente arregalados: - TIRA ISSO DAÍ! ….ACABA LOGO COM ISSO PELO AMOR DE DEUS! Eu ria. Me divertindo com o nervoso do homem, que, no limite das possibilidades, dava pulos em sua cadeira e se mexia sem parar. Alguns passageiros reclamavam aos sussurros da imprudência do homem. - Como ele pode dirigir desse jeito? Vai acabar batendo o ônibus! - Gente assim não tem jeito não … é doença. Foi nessa hora que eu me dei conta da loucura do homem. Não a loucura que era dirigir um ônibus enquanto envolvido em outra atmosfera (ele quase parecia cego), mas a loucura que o fazia dirigir um ônibus, mesmo totalmente disperso. Devia ser doença mesmo, loucura das bravas!Eu nunca via pessoas tão apaixonadas por uma coisa daquele tipo, dava pra ver que a tensão que emanava do motorista envolvia cada um que fazia parte da “espécie”, inclusive eu. Bipolaridade talvez? Quem sabe… - SAI, SAAAI! … UUUUUHH! AÊÊÊÊ, JÁ DEU! JÁ DEU! 3 MINUTOS? PUTA MERDA! Os três minutos seguintes, pareceram durar 10, pra mim. O coitado devia estar com a sensação que duravam, pelo menos, mais 45min. - AEEEEW JUIZÃO! ACABOOOU! TAMO NA FINAL ! VAAAAI CORINTHIANS!!! “AQUI TEM UM BANDO DE LOUCO ….” E a gritaria durou até que eu deixasse o ônibus, sorrindo com a situação, e com o alívio de saber que tudo tinha acabado bem, pelo menos aquela noite. O homem, ah, ele não estava sozinho apesar de sua voz ser a única a explodir naquele espaço, pelo menos mais 25 milhões de corações espalhados pelo Brasil gritavam o mesmo hino, a mesma vitória. Deitei-me aquele dia ainda com a cena em minha cabeça, o sorriso no rosto e uma música de fundo que dava o tom perfeito pro acontecimento. ♪ “…. eternamente, dentro dos nossos corações …” ♪

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Miniconto 32* - Disputa

Isolado, odiava ter que dividir espaço, mesmo que com o rato da cozinha. Acabou com a brincadeira. O rato, livre do perigo de veneno, comemorou.

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Reciclagem faz bem

Acabo de sair de minha apresentação de Iniciação Científica. Não sei bem se posso chamá-la assim, alguém faz estudo científico sobre microcontos? Fato é que é fato que a beleza está nos olhos de quem vê, então, orientada pela querida Prof° Sandra Trabucco levantei a bandeira da escrita minimalista dentro de mim mesma, pra conseguir passar aos outros a magia desse tipo de literatura. Não, esse post não uma releitura e nem um resumo do meu trabalho, pois como disse, é complicado falar muito sobre algo (visualmente) pequeno quanto um miniconto, a não ser com relação às suas vantagens, sua ligação com a linguagem publicitária em si e – numa perpespectiva um pouco mais “técnica” – sua relação com novas tecnologias de informação e comunicação, como este blog. Escrevo aqui, reflexiva e pessoalmente, sobre a percepção humana das coisas, e o desejo inabalável de descobrimento que temos, mas muitas vezes não usamos. Digo isto porque, há minutos estava eu numa sala rodeada por mais ou menos 30 pessoas, boquiaberta com a declaração de uma menina que dizia ser uma idéia genial se pudéssemos fazer piquiniques em museus, como assim? Dizia ela, eloqüente: “A brancura das paredes e a disposição higiênica das obras só nos dá a impressão (mesmo inconsciente) de que nunca poderemos chegar realmente perto daquilo, nunca faremos parte daquele universo, porque somos sujos, temos necessidades fisiológicas” (bom, foi mais ou menos isso). E aí paramos pra refletir sobre a conseqüência que uma cultura higiênica causa na relação das pessoas, entre elas próprias e todo o resto material físico que as envolve. Devaneio (loucura?) pura. Uma delícia. Coisa que todos deviam fazer regularmente, não exatamente sobre “museus parque”, mas sobre qualquer pergunta que nos fazemos e temos preguiça de achar uma resposta. O bacana de participar de um “Encontro de Iniciação Científica” é que, além da base que adquirimos sobre vários assuntos, ainda há a reflexão sobre o que você acredita e o que realmente aparenta ser – para seus companheiros de universo. Sei que nem todos tem a oportunidade de participar de encontros como este com outras pessoas ( aliás, isso acontece pelo menos duas vezes ao ano na Universidade Anhembi Morumbi, e é aberto ao público, as informações são divulgadas no site), mas é interessante fazer encontros assim com nós mesmos, sobre as nossas percepções. Reciclagem faz bem e custa barato! Pratiquem :D

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Miniconto 31* - Revolta

Ela não podia lamentar sua cegueira: todas as suas varizes, estrias e celulites não fizeram mais diferença. Agora ele estava na coleira.

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Miniconto 30* - Primeira Primeiridade

Abrindo os olhos viu panos brancos, olhares cansados em rostos suados parcialmente escondidos. Esperou tanto tempo pra isso? Decepcionado, chorou.

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Miniconto 29* - Recorde

Guinness de mulher com o ciclo menstrual mais regular do mundo: sempre a cada 9 meses. Não deu pra agradecer aos 28 filhos no discurso.

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Demissão

E ele decidiu que ia embora,

Pra fora do que já vivera

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Miniconto 28* - Exagero

Carente, um dia decidiu espancar um colega de classe e sair voando pela janela em seguida. Os pais finalmente descobriram seu gosto por quadrinhos.

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Miniconto 27* - Evasão

Fazia coleção de bolsas Louis Vuitton como se pudesse guardar, em cada uma delas, suas crescentes rugas e frustrações diárias.

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Miniconto 26* - Positividade

A pobreza o fez cavalheiro: abria a porta do passageiro a todos que andavam no velho carro, com a maçaneta que não existia pelo lado de dentro.

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Miniconto 25* - Frigidez

Sorveu-se de sorvente sofrendo somente a solidão serpeteada de seus segredos inconsoláveis.

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Sumida

Sei não. Uns diziam que havia piorado, mas do quê? De sua dor fingida? Acho que não! Desconfio até que a pobre era frígida. Sei não. Alguns cogitavam sua morte Será? Ora, que infortúnia sorte a da estranha menina! Mas, sei não. Só deve ter seguido a composição línea Que tecia sua vida esquina após esquina… Bar após bar Chão após chão Sei não. Só a vi saindo às escuras, já sem coração. __ Uma semaninha sumida daqui: trabalhos e provas e gripe, muita gripe. Mas estou voltando … voltando … :D

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Miniconto 24* - Alívio

Na semana em que viuvou pôde realizar seu grande sonho: casar-se.

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Miniconto 23* - Neura

E no dia que o viu pela primeira vez, desviou o olhar com medo que a tentação de dirigir-lhe a palavra lhe levasse a mais uma queda.

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Miniconto 22* - Patos.

Perseguiu-os até a beira d’água. Maravilha! Eles não sabiam nadar. Dois estalos, apenas um baque. Horas depois lá estavam: dois patinhos na lagoa.

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Miniconto 21* - O Sensível

Lutou contra a ditadura por muitos anos, sobreviveu. Na primeira exposição de seus quadros, ora polêmicos, sofreu um infarto e morreu.

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Miniconto 20* - Disfarce

Ajudava nos deveres de casa, era sensível e fiel, até demais. O sonho do casamento acabou quando encontrou na carteira dele uma foto do urologista.

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Miniconto 19* - Decepção

Depois de ir ao banheiro, assistiu a cor roxa se formando no pequeno aparelho. Não entendia como um resultado desses podia ser, de alguma forma, positivo.

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Miniconto 17* - Errata

E no dia que foi anunciada a reeleição do homem para o terceiro mandato, todos rezaram pra que fosse 1º de abril.

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:D

Um dia desses aí Desses tristes Sem fim Sem nada pra fazer Eu digitei no PC Dois pontos e D E o cursor sorriu pra mim. F

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Miniconto 16* - Humildade

Homicida humilde, jamais torturava vitimas com menos de 1,50m.

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A Justificada

Falavam (e ela não negava) que era Crassa, insensata, néscia, chata. Mas a pirada se auto-perdoava Pois tinha na manga uma palavra que tudo justificava: Inata.

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A Hora do Planeta

Muitos já devem ter ouvido falar, mas lá vai mais uma notícia que é veiculada em dezenas de meios de comunicação ( até com ajuda de celebridades, empresas privadas, etc.)

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Miniconto 15* - ProbleMÁTICO

Fazia matemática, mas cabulava sempre por preferir “as humanas”. Nas provas finais se dedicou aos cálculos. De nada adiantou. Era um problema.

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Miniconto 14* - Uni Duni Tê

E a onda de coisas ruins vinha sendo tão forte que ele preferiu se deixar afogar a morrer na praia.

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Inédito

E nessa vida pirada Andei Chorei Sorri Mas nunca (nem de graça!) Eu morri.

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Miniconto 13* - Extraditado

O telefone tocou, a italiana atendeu, era Cesare Battisti. Soltou um grito de saudade e, em seguida, de desespero: “Estou voltando pra casa”.

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Miniconto 12* - Surdez Inteligente

Há muito tempo não precisava mais do aparelho auditivo, mas ainda usava-o como desculpa para ignorar o comentário que quisesse.

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Sou

Resgatando mais um poema da poeira nos meus papéis … _ Nada mais que a importância Dessa insignificância Que recobre o meu ser Sou o não entender nada Disso que vive em mim Essa pele que reveste Este corpo que me assola Nessa mente que vigora No espírito que outrora Não foi de ninguém Esse rosto que abriga Esses olhos que envoltam Essa íris distorcida Dessa visão distinta Do nada que nunca foi Essas mãos desesperadas Nessa busca retratada Nesses versos sufocantes Essas voltas tão errantes Que descobrem-se amantes Da matéria esquisita: Eu. Sou o que fui, e o que serei Mas nunca o que já sou Nesse contrato vitalício Dessa mutante arte de redescobrir-me É que se encaixa a minha existência Essa sou. Escrito em 15/07/2008 ( 14:58pm)

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Miniconto 11* - Vexame

Desejou o abraço do homem por meses. Conseguiu. Descobriu : era alérgica a perfume francês. Espirrou por horas. Nunca mais o viu.

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Miniconto 10* - Estresse

Na odiosa padaria: o homem estralou os dedos, depois conseguiu trincá-los e em seguida os mutilou em sua máquina de trabalho: o cortador de frios.

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Miniconto 9* - Escalada

Com o grampo que os prendia se soltando, ela tomou uma decisão sobre aquele amor enrustido: “corte o laço entre nós!”. Caiu no despenhadeiro então..

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Lúgubre Grifo

O que te leva a insistir no que te angustia e de mim te priva? Diz-me, amada querida, o que te faz preferir morrer à deriva? Onde se esconde o desejo outrora tão encarnado? Ainda existe a beleza por trás do vaso quebrado, eu sei que existe. Sufocando a saudade no torpor do caminho. Esganando a verdade no coração sozinho. Onde arrumaste esta corda que só faz machucar, minha amada? O pouco tempo que tens só está a passar, e tu marcada. Cicatrizes não podem ser apagadas, mas pegadas podem se aliviar O sentimento não morre enquanto se quer lutar. O que te faz perder o que te faz amar? Como encontrar coragem onde o vazio está? Perdeu o jeito de se renovar, amor meu? Mais uma vez, tarde demais? Eu sou seu. Peço-te: não se engane e nem fuja menina. Acasos não determinam uma sina. Invalidez induzida na estrada comprida. Morte poética na métrica da vida. _________

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Miniconto 8* - Infortúnia Sorte

Perdeu seus amigos, esposo e cão. Jogou numa Roleta Russa. Permaneceu viva. O ditado havia mudado: sorte no jogo, azar na vida.

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Miniconto 7* - O Negro e a Sombra

Desolado, o negro cantor saiu do bar e parou em frente a um muro, fazendo dupla com sua própria sombra. Ao menos ali alguém contribuia com ele.

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Miniconto - Lenda Urbana

O homem era muito forte, a pobre se debatia desesperadamente em vão. Após alguns minutos, deu adeus às suas saias prediletas e cedeu à dor quase insuportável. Mesmo depois daquele dia, a garota ainda acreditava na velha história da cegonha.

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Enigma Esquecido

Uma palavra linda Uma palavra fácil Uma palavra simples, Porém quase irrealizável. Em três letras ela está, Em uma sílaba ela se forma E o mundo não consegue realizá-la. Numa pomba ela é simbolizada No branco ela é lembrada E o mundo não consegue realizá-la. Ela é pequena, porém essencial, Ela é grande, ela é forte!? E o mundo não consegue realizá-la. Temos a letra P Temos a letra A Temos a letra Z Mas, cadê você? Desde o início dos tempos você sumiu, E a partir daí, o mundo esqueceu de ti. __ Esse poema, eu escrevi no ano e mês em que “começou” a guerra entre EUA e Iraque, estava na 6º série e lembro que o assunto foi tema pra um bimestre inteiro de aula. Um saco na época. Ele é um Enigma Esquecido por dois motivos: primeiro porque ele não tinha nome, dei-o agora porque tinha até esquecido que ele existia, e segundo porque, sobre o que ele trata, muitos nem sequer têm guardado na lembrança.. Março/2003

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Miniconto 6* - Robótica

Seus amigos virtuais eram pura carne, e da melhor qualidade. Ela - na vida vazia- era puro osso, resultado de sua disfarçada inabilidade de se associar.

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Finalmente : Feliz 2009!

Pra quem nunca tinha ouvido falar , o palavra Carnaval origina-se do termo “ Carne vale”, que não tem origem certa – uns dizem que é um termo Romano, outros dizem que é Grego. O que ele significa? Essa é a parte, no caso dos brasileiros, maliciosamente irônica da história: “Carne Vale” significa “Adeus à Carne”, por conta do inicio da Quaresma na quarta-feira de cinzas. Se a festa era pra ser ligada ao Cristianismo, acho que o diabo mexeu seus pauzinhos, pois – pelo menos aqui no Brasil – o carnaval é a época em que as maiores tentações são expostas, principalmente a carne proibida, se é que dá pra entender.

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Que burocracia, que nada!

Se tinha uma coisa que Júlia não suportava, era pedir dinheiro ao seu padrasto. Ele a adorava e fazia tudo por ela. Ela só falava com ele aos gritos, descarregando no coitado suas frustrações e desesperos inventados. Um dia precisou dele, mas foi esperta: A enteada do Gerente de Comunicação daquele banco, na sessão de empréstimos, com um ar superior: - Preciso de R$10.000,00 para pagar em 15 vezes, sem juros, ainda hoje. O Gerente de Contas espantado com a ousadia da garota: -Isso não será possível , o seu limite de empréstimos está realmente muito abaixo do que a senhora necessita e não abrimos exceções sob hipótese alguma. Uma ligação : - Pai, preciso de R$10.00,00 pra hoje e o imprestável Gerente de Contas desse banco não quer liberar o empréstimo só porque o meu limite é menor do que eu preciso. Danem-se os limites! Eu preciso disso agora. O Gerente de Comunicação, assustado com a irritação da enteada preferida, assume uma voz grave e pede que ela passe o telefone para o homem à sua frente: Uma frase. -Eu impedi que o escândalo do desvio de dinheiro que o senhor fez se espalhasse. É a hora da retribuição. … Naquele dia, a garota saiu do prédio aos pulos pensando: Com aquele vestido novo combinado com a jóia daquela loja, por onde eu passar na festa, se jogarão aos meus pés. Quero só ver se ele não volta pra mim. = Você já chegou a contar quantas vezes se comunica com algo, ou alguém durante o dia? Desde decodificar as letras no jornal até a última palavra antes de dormir? A comunicação está em tudo, todo o tempo, é tão importante que pode ser “confundida com a própria vida.”¹

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Miniconto 5* - "Cavalinho"

Jogou futebol com os amigos de seus filhos de 15 anos. Empurrou, chutou e bateu o quanto pôde. Que saudade!Quando moleque seu apelido era cavalinho.

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Miniconto 4*

Solitário, sabia contar até 10 com apenas 9 números. 1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. Do 2 não sabia nem o significado.

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Jargão

Sentinela, na janela dos pensamentos. Qual será o seu talento? Sedento pelo momento de inspiração: ReNOVA - AÇÃO. Em vão. Isso está mais pra falta de percepção. Sermão? Não, jargão: 90% transpiração e 10% inspiração.

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Noitão HSBC Belas Artes

Fugindo do clima de Sexta Feira 13, o Noitão HSBC Belas Artes desse mês vem com uma dose de suspense e duas de comédia. Isso mesmo! Dessa vez serão três filmes de conhecimento geral e um “filme surpresa”.

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Estranho Lunático Fantástico

Um espírito sarcástico, um estranho lunático, um poema ático e o circo estava armado. venham, venham conferir : a menina que roubava e-mails do consumidor fantástico! Em sua busca incansável por novidade, a garota aproveitava toda e qualquer oportunidade. Do quê? De quê? De se dar bem em meio à insanidade. Já vinha com detector de criatividade embutido em sua mente, passava horas a fio procurando atentamente algum texto, foto e até som que fosse diferente. Um dia então, a menina o encontrou, numa ironia digna de Sócrates, a ousadia do homem a paralisou. O que podia, pobre menina, fazer para curar esse torpor? Oh, grande era da tecnologia! Num e-mail tímido e sucinto, sua admiração mostrou, e nas entrelinhas implorou: Dê a este ensejo mais sabor! E não é que funcionou? Uma resposta ela recebeu e seu queixo em espanto cedeu. Indelicadamente audacioso, o homem se mostrou tão jeitoso, que até deu medo, o que dizia exatamente aquele e-mail…espectadores, é segredo. Fato é que se sucedeu então nesse vai-e-vem de palavras, uma coisa que a menina nunca pensava: pôde perceber que a juventude em que estava, perdera o encanto. Onde foi parar o tempo do casamento santo, de vestido branco e de medo infanto-juvenil que a perna faz tremer? Oh, jovens espectadores, onde está o prazer em desconhecer? Mesmo triste com a conclusão, a menina só pode render-se então ao humor inescrupuloso do Sr. Falante, continuaria em sua busca, aventureira errante num mundo em que o até o mais chulo, e manjado (manjado?) dizer de pensamentos, era fascinante. ___ Eu conheci um cara, cheio de malícia carioca e experiência de vida (é o que parece), vi nele mais que um consumidor revoltado, (foi através de um e-mail rebelde à uma filiada da Semp Toshiba que eu o achei), eu vi nele um escritor/cronista/humorista muito talentoso. Então lhe enviei um e-mail com as minhas parabenizações, ele respondeu, e aí escrevi esse .. bom, sei lá o que é isso, só pra guardar esse capítulo da minha história em algum lugar …

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Agora ela era bixo

Agora ela era bixo, pode? Aquela menina magricela do cabelo de bombril que, por artimanhas com a diretoria da escola (era o que diziam) foi jogada na 2º série do Fundamental, quase sem passar pela primeira. Coitada! Vieram os apelidos. - Aêêê, “primeira série”! Sabe soletrar a palavra BOCHECHUDA sem errar? Ela não sabia. Mas acabou aprendendo, pela força do hábito. Agora ela era bixo, pode? Aquela estranha que se vestia da cabeça aos pés de vermelho, sentava na primeira carteira, de cara com a professora e mesmo assim falava pelos cotovelos. Na reunião bimestral de pais era sempre a mesma coisa: - Ela tem ótimas notas, só precisa calar a boca. Ela não calou. Força do hábito. Agora ela era bixo, pode ? Aquela vizinha esquisita, não brincava com as garotas da mesma idade, vivia em casa, trancada à chave, o que gostava fazia lá dentro? Ninguém sabe. - Oxem,tinha era se entrosar, parece até bicho do mato! Ela não se entrosou. Eles estavam certos. Força do hábito? Agora ela era bixo.

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"Yes, Man!"

Vale a pena ver “Yes, Man!” no cinema? Sim, Senhor!

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Miniconto - Compra-se

Compra-se: um coração sem dono, em boas ou más condições, tratar aqui.

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Poema - Para o primeiro amor.

Não sei o que estou escrevendo Não sei nem mesmo o que estou dizendo Acho que estou dando um aperitivo ao meu coração Que está cada vez mais te querendo Ele grita te chamando E palpita o tempo inteiro Me sinto como uma agulha Perdida num estaleiro Pego o telefone e te ligo, sem te dizer meu nome. Procuro algo, um motivo Pra saciar minha fome. A fome não é de alimento A fome não tem sabor A fome que eu sinto agora, É a fome do teu amor. Você não sabe mais quem sou Só sabe que eu era a sua vizinha Queria tanto que você se lembrasse das mil e uma cartinhas Que eu jogava na sua garagem Todo dia de manhãzinha Nelas, frases de amor eu escrevia Na esperança de que você lesse um dia De que você conseguisse compreender A intensidade da minha agonia, De ter só um pouquinho de você. De sentir ao menos uma vez, Essa sua boca linda, Esperando, sempre, que um dia você abrisse os braços e dissesse: “Gé seja bem vinda! … seja bem vinda ao meu coração, À vitória da sua paixão!” Quem acredita sempre alcança Quem acredita nunca cansa, nunca desiste, Porque o amor (Fernando) é a melhor coisa que existe! ___ Poema feito para o meu “1° amor " que durou uns 3 anos ( absurdo!) , eu tinha apenas uns 6/7 anos quando me dei conta que minhas pernas não me obedeciam quando eu o via ¬¬ O desfecho desse caso foi …. bem, só de eu ter escrito o poema quando já estava com 11 anos .. isso diz tudo. O Amor é triste. Pois é, pois é. P.S.: Medo da meu próprio sentimento o.O , isso é possível sendo tão pequena ? Eu ein ! :P

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A mosca

Minha mãe diz: - Parece mosca! Tira e não põe no lugar, tira e não põe, tira e joga … E eu me pergunto : mosca faz isso ? _ NOTA: Vou passar a postar textos/poemas e frases que eu escrevia num velho caderno que achei, convenientemente, esta noite no meu gurda roupa. São todos de quando eu era bem novinha: 13/14/15 anos. [Texto escrito no mês 07/2005]

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" Foi Apenas Um Sonho" de um final de semana...

Se há uma coisa que tenho pavor, é esse tal de tédio. Fujo do tédio como Harry Potter foge de Lord Voldemort (ok, essa foi horrível :P) , por isso esse final de semana consegui uns programas de final de semana, olha só que divertido!?! Sábado fui ao ótimo Cinemark do Shop. Eldorado ver o novo filme de Sam Mendes (Beleza Americana): “Foi Apenas Um Sonho”(Revolutionary Road, em inglês), a expectativa – é claro – estava em torno da volta de um dos casais mais famosos da história cinematográfica. Kate Winslet e Leonardo DiCaprio se superaram nesse drama (Globo de Ouro merecido à Kate), que te envolve de tal forma a ponto de você sair com os ombros pesados e uma estranha sensação de angústia da sala. Uma história terna e contundente, cotidiana e extraordinária que se faz plausível em cada duelo de interpretação do casal (que passa o filme inteiro entre crises e discussões de arregalar os olhos).

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Descobrimento [2]

**“Quem um dia irá dizer, que existe razão nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer que não existe razão?”**Engraçado como funciona o começo de uma amizade. Chega sem pedir licença (como as borboletas quando se está amando) então vai tomando cada íntimo e cada filete de pensamento aleatório, então, quando você se dá conta, está torcendo pra aqueles seus amigos (mas já amigos?) estarem de bobeira sentados numa calçada à luz do crepúsculo. Assim aconteceu com ela. Enquanto vagava pelo caminho tão conhecido e comum, ela estava apenas ligeiramente consciente do lugar aonde ia. Seus pés moviam-se na direção a que estava acostumada a ir : aquela rua alegre e movimentada que era o endereço de sua mais próxima amiga. Diminuiu o passo subitamente : Pois é , nunca se sabe o que está na direção antes do derradeiro alcance do ponto. No momento em que se aproximava deles, seu coração se enchia de um sentimento que ela havia experimentado poucas vezes : uma delas aconteceu quando ela foi finalmente aceita como “colega de mesa” daquela menina branquinha e inteligente da 2º série. Não podendo ser diferente, juntou-se aos homens que estavam sentados na calçada em frente à casa que outrora era seu destino. Deu-se início então ao descobrimento, mais um. Um dos senhores, era sereno e quieto… escondido sob um sorriso tímido e inteligente, pensador. O outro era o seu problema, o seu grande ponto de interrogação, um estranho do qual ela – subliminarmente – preferia não conhecer: de um gênio extrovertido e irrequieto (ou achava ela que era assim), fazia ele as mesmas piadas e comentários de sempre – que nunca perdiam a graça – e falava do amor como sua maior dádiva, enquanto demonstrava o seu descontentamento com o casamento,bem… um estranho com certeza. Citava a liberdade de expressão, a fusão de pensamentos e sua total descrença para com a opinião da menina: - Como pode a mim desconhecer, se te falo com toda clareza sobre meu ser, meu querer .. se exponho em tamanha liberdade o meu saber, se canto com toda a minha alma límpida o que vive em mim? Ela, a garota, não tinha respostas para isto, sabia apenas que não sabia. Não via como descobrir quem realmente ele era, ou o que guardava por trás dos versos que inventava… não sentia seu íntimo apesar do gostoso conforto em que se encontrava em sua presença e não dispunha de nenhum recurso para sonda-lo, pois parecia que tudo na prisma daquele homem era o acaso, o momento, a instabilidade, senso assim: se conseguisse uma resposta para um de seus questionamentos, no dia seguinte a mesma não valeria mais. Naquele momento, enquanto a noite brilhava no céu quente de nuvens desenhadas, ela se conformou, desistindo de buscar o “eu” do estranho que lhe fazia bem, oras, ele lhe fazia bem, já não era bom? (…) Nem frustração, nem pesar e nem angústia tomaram a garota aquele dia, pelo contrário: um conhecimento tinha sido somado á sua vivência: o homem muda, a mente evolui e o corpo se altera, e isso não devia ser visto com olhos pessimistas, como mais uma prova de que nunca chegaremos à solução para os problemas humanitários, a procura pela resolução é tanta… que se esquece o que quer resolver. Suas buscas de respostas para as coisas mais simples, impediam-na de apreciá-las. Sim, leitores… o homem muda, a mente evolui e o corpo altera: isso é a valorização da alma! Então, quando o escuro estava lá em cima, no meio da noite, meia noite, a menina fez o que não conseguia fazer normalmente há dias: dormiu. _ Aos “Irmões” , esse texto que começa como uma reflexão sobre a amizade, passa pela reflexão sobre o comportamento do homem e termina na reflexão sobre a vida. Não há aqui, nada que alguém já não tenha pensado e escrito, mas isso não quer dizer que não vale a pena …

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Verão

Verão. Dia ócio e frio… estranho? Pois sim, ela acordou cega. Sem o seu mais precioso sentido, passou a ignorar todas as outras coisas. Não falava, não chorava, não sentia quando tocada, nem mesmo sorria enquanto abraçada. Sentia-se traída pela vida, por não ter o que julgava seu destino… ficava enraivecida todo o tempo…não compreendia a razão de tanta ilusão e isolamento, mas estava convencida de que não se importava com isso. Não se arrependia de nada, não considerava soluções para nenhum problema, nem mesmo cedia à vontade de voltar atrás. “O que os olhos não vêem, o coração não sente” ? Ótimo, vida eterna à sua cegueira. Estava certa de uma coisa: aquele ordinário acontecimento a qual todos cediam não lhe ocorreria mais, a paixão era uma palavra riscada de seu, ora tão rico, vocabulário. Das coisas que só o coração poderia entender, tornar-se-ia ignorante, rendida à cega frieza da ociosidade em que se encontrava. Estranho, era verão.

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Microconto 3* - Quem se irrita, se importa?

No auge de sua irritação, descobriu que tal coexistia com a importância, mudou de idéia então. Conheceu a relevância e a irrelevância em um só minuto.

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Miniconto 2* - Marketing do Obama

No dia em que o Presidente dos E.U.A. criou seu próprio blog, ela entendeu que o marketing mundial era agora virtual. Assustou-se com o fato.

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Revelação Contrária

Sua “caneta” digital não se movia há dias. De tão inutilizadas, as teclas de seu teclado eram agora um tapete muito convidativo à poeira já inerente do escritório. Não tinha nada na cabeça e isso o perturbava como nunca. Desde que entrara naquela sala pela primeira vez, seu ofício era pensar: e fazer com que seus leitores se identificassem com seu sentimento forjado e suas idéias de uma vida melhor propositalmente comerciais e irresistíveis. O cursor piscava desesperadamente na tela do monitor – também empoeirado – como se dissesse: “Mova-se, mova-me.” inúmeras vezes. Há anos fora incumbido de desenhar com palavras o caminho para a felicidade dos outros, e isso (pensara inocentemente) lhe serviria como base para o traçado de sua própria felicidade. Coitado. Escondeu o rosto em suas mãos, esperando que o vazio dos olhos lhe mostrasse a luz que lhe daria o reconhecimento do dia seguinte. Foi em vão. Digitou ao menos 15 vezes a mesma palavra: “pense” , numa tentativa de indução do cérebro pela repetição.. Acordou. Então era isso : a repetição, não! A mudança ! A robótica de suas ações havia, inevitavelmente, enferrujado. Ocorreu-lhe então que as palavras que tanto buscava não podiam ser descobertas sem que ele mudasse o curso de seu raciocínio, justamente a novidade lhe proporcionaria estabilidade, e a mudança lhe traria bonança. Naquele momento de revelação, seu computador apagou junto com a luz geral do prédio, lamentou não poder colocar sua claridade mental espontânea em ação de imediato, mas sabia que ela seria durável o suficiente para que ele voltasse ao escritório pela manhã e limpasse de bom grado seu teclado empoeirado. Seria então o que havia sido há 47 anos: novo.

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Miniconto 1* - Batizado

Depois de ler os escritos de homens achados no Google, criou seu próprio Blog. Pronto, estava batizada.

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Confessionário 1 - Adotando livros

Ok, essa é a nova tag do blog. Veio na minha cabeça, depois que o assunto #twittesuainfancia bombou no twitter. Aí pronto. Comecei a lembrar das maluquices que fazia e surgiu esse primeiro texto.

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